Aliança de facções: 37 presos do PCC pedem transferência para onde está o CV, e união se confirma após quase 10 anos de guerra


Informação foi confirmada pelas secretarias de Segurança e de Administração Penitenciária do Rio. g1 obteve mensagens que mostram pedido de trégua entre as facções: ‘O crime fortalece o crime’, diz comunicado de paz. Os setores de inteligência das Secretarias de Segurança Pública e de Administração Penitenciária (Seap) já sabem que uma aliança entre as duas maiores facções criminosas do país foi efetivamente firmada, segundo apurou o g1.
A confirmação de dados de inteligência – que vinham sendo produzidos nas últimas semanas – se deu nesta quarta-feira (26), depois que 37 presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) solicitaram transferência para cadeias que abrigam criminosos do Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro.
‘Comunicado geral’ lamenta as vidas perdidas e diz que CV e PCC estão ‘colocando fim a esta guerra’
Reprodução
Desde o último dia 11, circulam nas redes sociais vários comunicados para que os ataques entre as quadrilhas cessassem, já que um acordo vinha sendo costurado.
O g1 teve acesso a essas circulares de Ceará, Paraíba, Maranhão, Pará, Mato Grosso e Rio de Janeiro, esta última com data de terça-feira, dia 25 (veja na imagem acima e em outras no fim da reportagem).
“Graças ao esforço de muitos e uma longa negociação, chegamos ao tão esperado fim. Frisamos que o que fato que mais pesou, sem dúvida alguma, foi o bem maior que se chama vida (…) A partir de hoje, 25/02/2025, data essa histórica, o CV e o PCC estão colocando fim a esta guerra e refazendo uma nova aliança de PAZ, JUSTIÇA, LIBERDADE E FRATERNIDADE”, diz o comunicado.
O texto deixa aberto ainda o caminho para paz com outras facções: “Deixamos a prerrogativa para outras organizações de que estamos abertos ao diálogo (…) lutaremos de mãos dadas por um só ideal: O CRIME FORTALECE O CRIME.”
PCC e CV: união contra o sistema prisional
No último dia 16, uma reportagem do Fantástico mostrou um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais, alertando sobre a possível aliança. O documento detalhava o que seriam ações coordenadas para tornar menos rígido o tratamento de presos perigosos no sistema penitenciário nacional (veja na reportagem acima).
‘Banho de sangue’
Para os órgãos de segurança, o pedido de transferência confirma a reaproximação das duas organizações criminosas depois de nove anos de disputas, que começou na fronteira do país com o Paraguai, em 2016.
Em junho daquele ano, numa empreitada que contou com bandidos das duas quadrilhas, o traficante Jorge Rafaat Toumani, de 56 anos, foi fuzilado com tiros de ponto 50 na cidade de Pedro Juan Caballero. Com a eliminação do Rei da Fronteira, o PCC passou a controlar a rota e não facilitou para os bandidos cariocas.
Nos meses seguintes o que se viu foram banhos de sangue, principalmente dentro de cadeias de Manaus, Boa Vista e Porto Velho, resultando em quase uma centena de presos executados – muitos deles decapitados.
Essas sangrentas batalhas dentro de presídios do Norte do país há quase uma década, aliás, dificultaram e atrasaram em algumas semanas o acordo firmado agora.
De lá pra cá, o Comando Vermelho se expandiu na região, se aliando a inimigos do PCC. No Nordeste também aconteceu aliança semelhante, o que fez com que a facção, antes restrita ao Rio de Janeiro, se expandisse pelo Brasil.
Criminosos de fora – muitos deles escondidos em favelas do Rio – estavam reticentes de aceitar o acordo, mas acabaram concordando com o selo dessa aliança criminosa.
Veja comunicados enviados nas últimas semanas:
Comuncado de união PCC-CV
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Comuncado de união PCC-CV
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Comuncado de união PCC-CV
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