“Benefícios sociais não vão resolver problema de popularidade do governo”, avalia especialista

A votação do Orçamento de 2025 ainda não tem data definida e pode enfrentar novos adiamentos, segundo análise de Miguel Daoud, especialista em economia e política. Em entrevista ao BM&C News, Daoud alertou que a falta de articulação política do governo e a resistência do Congresso podem levar a um atraso significativo na aprovação do orçamento, ampliando as dificuldades econômicas do país.

A discussão deveria começar no dia 11 de março, e a previsão era de aprovação até o dia 17. Mas isso dificilmente vai acontecer. Abril tem três feriados, e maio já começa com um feriado. Podemos chegar ao meio do ano sem um orçamento aprovado”, afirmou Daoud. Segundo ele, esse cenário ampliaria o desgaste do governo, que enfrenta dificuldades para consolidar sua base no Congresso e negociar medidas essenciais.

Impacto econômico e desconfiança do mercado

A incerteza fiscal tem um efeito direto sobre investimentos e a confiança do setor produtivo. O especialista destacou que, diante de um cenário de juros elevados, inflação persistente e risco de recessão, investidores hesitam em alocar recursos no país. “Se você fosse um investidor e tivesse dinheiro para aplicar em infraestrutura, você faria isso agora? O mercado está pessimista, empresas estão saindo da Bolsa, e o governo insiste que benefícios sociais resolverão o problema da popularidade. Mas isso não muda o cenário econômico”, analisou.

Para Daoud, o governo tem errado ao concentrar esforços na distribuição de benefícios, como o Pé de Meia e o Fundo de Garantia, sem apresentar soluções estruturais para o crescimento econômico. “Isso não resolve o problema da popularidade e muito menos os desafios do país. O Brasil precisa de uma estratégia de desenvolvimento econômico, e não apenas medidas paliativas”, acrescentou.

Oportunidades ignoradas pelo governo e riscos globais

O analista também apontou que o Brasil está desperdiçando oportunidades de crescimento em meio à reconfiguração do comércio global. Com a tensão geopolítica e a guerra comercial entre potências, o agronegócio brasileiro poderia se beneficiar, mas a falta de políticas públicas adequadas prejudica o setor.

Temos um dos setores mais pujantes do mundo, que é o agronegócio, mas em vez de incentivo, estamos vendo cortes de verba e falta de políticas voltadas para o crescimento”, afirmou Daoud.

Ele finalizou a análise destacando que a crise de governabilidade e a falta de um plano econômico consistente aumentam a preocupação com a inflação, os juros e o ajuste fiscal. “O governo não percebe que discursos em rede nacional e uma reforma ministerial mal planejada não vão resolver. O que precisamos é de medidas concretas para impulsionar o otimismo e permitir que a economia volte a crescer”, concluiu.

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