Perdeu o celular no carnaval? Especialistas explicam o que fazer

Perder o celular ou ter o aparelho furtado durante o Carnaval é uma situação comum para muitos. Em meio à multidão, criminosos se aproveitam para agir rapidamente, deixando as vítimas em uma situação vulnerável.

Além do prejuízo com o aparelho, há outro risco ainda maior: o acesso a contas bancárias, cartões de crédito por aproximação e transferências indevidas.

Com os avanços da tecnologia, é comum que criminosos consigam desbloquear dispositivos e realizar transações financeiras antes que a vítima consiga tomar medidas de segurança. Ou seja, somente uma senha pode não ser suficiente para blindar os dados.

Ivan Tasso Benevides, especialista em cibersegurança e gerente de Operações de Segurança da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) explica que existem softwares e técnicas que conseguem violar esses códigos.

“Essa questão de ser inviolável não é verdade, existem formas, sim. E dependendo da capacidade técnica da pessoa que vai cometer o crime, fica mais fácil”, disse.

Diante da situação, o melhor, segundo especialistas, é se prevenir por meio da utilização de softwares de segurança instalados no aparelho e evitar clicar em links promocionais suspeitos que podem ser um meio para que golpistas tenham acesso a dados do celular mesmo sem o aparelho em mãos.

No entanto, caso tenha o celular roubado ou extraviado, eles também explicam um passo a passo ideal do que fazer para mitigar os prejuízos.

O que fazer ao perceber a perda ou roubo do celular?

  • Bloqueio de cartões

A primeira atitude recomendada por especialistas é agir rapidamente para minimizar os danos. Segundo Rodrigo Fragola, especialista em crimes cibernéticos, ligar para os bancos, bloquear cartões e trocar senhas imediatamente é a melhor pedida para evitar prejuízos financeiros.

“Celulares que não têm criptografia ou software de bloqueio, caso sejam roubados, os dados são facilmente extraídos pelos bandidos. Você deve imediatamente ligar para os bancos, operadoras de cartão, fazer o bloqueio e trocar as senhas”, afirma.

  • programa celular seguro

Outra alternativa para proceder com bloqueio do próprio aparelho é o Programa Celular Seguro. A iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) tem o objetivo de mitigar esse tipo de ocorrência.

Pelo programa, é possível, para pessoas cadastradas, comunicar o roubo ou o furto e, ao mesmo tempo, acionar bloqueios do próprio aparelho, dos aplicativos bancários e de eventuais acessos disponíveis no dispositivo móvel.

Para isso, é necessário instalar o aplicativo, fazer o login por meio do “gov.br” e fazer o registro do telefone. O aplicativo também permite o cadastro de pessoas de confiança, que serão aqueles que poderão criar ocorrências em seu nome.

“Se você tem o cadastro, você deve imediatamente entrar no aplicativo e executar o procedimento de bloqueio”, diz Fragola.

  • troca de senha

Com as primeiras medidas tomadas, é interessante trocar as senhas dos aplicativos. Bancos e instituições financeiras oferecem canais para esse tipo de solicitação e que não precisam, necessariamente, ser feitos pelo celular.

  • boletim de ocorrência

Outro ponto essencial é registrar um boletim de ocorrência. Esse documento pode ser fundamental para contestar possíveis transações indevidas e resgatar o aparelho, caso ele seja localizado.

Alerta para golpes

Para se divertir no Carnaval com mais segurança, especialistas também recomendam uma série de medidas preventivas que podem ser utilizadas para evitar problemas nessa época.

Uma delas é desativar o uso de cartões por aproximação, que podem ser mais fáceis de utilizar do que outras modalidades de pagamento.

Outro alerta é para possíveis golpes. Fragola cita, por exemplo, o do Wi-Fi, em que a rede de internet pode ser utilizada para obter acesso a dados do usuário. “Com a aglomeração, muita gente quer acessar o Wi-Fi e acaba acessando pontos que não são confiáveis. Criminosos podem acessar esses pontos e roubar informações”, afirma.

Outro ponto de atenção, segundo o Ministério da Justiça, é na compra de ingressos para festas, blocos ou eventos. Isso porque golpistas costumam criar sites falsos e ofertas enganosas para atrair os consumidores.

O órgão sugere que se dê preferência para compras em plataformas oficiais e seja exigida nota fiscal depois da compra. Ainda, reafirma que, em caso de cancelamento de eventos, o consumidor tem direito ao reembolso integral.

Ter um celular reserva, mais antigo e de menor valor, mas que ainda possibilite a comunicação, também pode evitar dores de cabeça no Carnaval. “Caso aconteça o roubo, será um prejuízo menor, tanto por ser um aparelho mais humilde, quanto por não ter questões prioritárias como bancos e contas importantes”, afirma Benevides.

Benevides também reforça que, além das questões financeiras, é importante que a população tome cuidado com a perda do aparelho porque, atualmente, há muitas informações pessoais gravadas nos celulares, como as referentes à saúde e ao endereço residencial.

“Com isso, ele [o criminoso] pode fazer muito mais além de roubar sua conta no banco. De repente você tem um tipo de foto e pode fazer uma extorsão”, explica.

E se as estratégias não funcionarem?

Mesmo tendo tomado precauções ou medidas para mitigar os prejuízos, caso alguém tenha sido afetado financeiramente por meio desses crimes, a advogada no escritório Daniel Gerber Advogados Sara Vital afirma que é possível pedir a restituição.

“O cliente tem direito à devolução do montante desviado, tendo a instituição financeira a obrigação de restituir o valor, caso reste comprovado que houve falha nos mecanismos de segurança, como a ausência de autenticação robusta nas transações”, afirma.

Mas ela faz um alerta: a quantidade de dinheiro envolvida no crime pode impactar na resolução do caso. Segundo Vital, quando a transação envolve uma quantia maior, é mais fácil para o banco identificar possíveis tentativas de golpe, uma vez que transações de valores elevados geralmente fogem ao padrão de operação do usuário.

A advogada também explica que, caso o banco recuse a restituição mesmo após tentativa de comprovar a fraude, o consumidor poderá recorrer ao Procon, aos juizados especiais ou entrar com uma ação judicial contra o banco.

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