Ex-banqueiros do Credit Suisse são banidos do Reino Unido por fraude

A Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) informou nesta terça-feira (4/3) que baniu do sistema financeiro britânico dois ex-executivos seniores do Credit Suisse Group. Eles se declararam culpados nos Estados Unidos por participar de um caso de suborno, conhecido como a “fraude do atum”, em Moçambique.

Andrew Pearse e Surjan Singh declararam-se culpados em 2019 por aceitar propinas relacionadas à concessão de cerca de US$ 1,3 bilhão em empréstimos feitos pelo Credit Suisse a empresas estatais moçambicanas.

Pearse admitiu ter participado de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e recebimento de mais de US$ 45 milhões em suborrno. Singh reconheceu as acusações de lavagem de dinheiro e propinas no valor de US$ 5,7 milhões.

Em 2021, o Credit Suisse concordou em pagar cerca de US$ 475 milhões às autoridades britânicas e americanas para resolver acusações de suborno e fraude e prometeu perdoar US$ 200 milhões em dívidas de Moçambique.

Frota para pesca de atum

O caso está relacionado à obtenção por parte de Moçambique de empréstimos do Credit Suisse e do VTB Bank PJSC da Rússia. O dinheiro seria usado em três projetos marítimos. Eles incluíam a formação de uma frota de pesca de atum, estaleiros e barcos antipirataria.

Pearse, segundo a Bloomberg, cumpre pena de 151 meses em uma prisão dos EUA por sua participação na fraude. Mas os promotores americanos recomendam uma sentença menor devido à sua cooperação. Ele deve ser sentenciado em 6 de março. O ex-ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang foi condenado em janeiro a oito anos e meio de prisão por um juiz dos EUA por seu papel na fraude.

“O senhor Pearse e o senhor Singh eram executivos experientes no Credit Suisse e admitem ter recebido mais de US$ 50 milhões em propinas”, disse Steve Smart, diretor executivo adjunto de fiscalização de mercado da FCA. “Não há lugar em nossos mercados para aqueles que se envolvem em suborno e corrupção.”