Mais famílias recebem prazo de 30 dias para saírem de casa em Novo Hamburgo

A Prefeitura de Novo Hamburgo tem intensificado a entrega de notificações para desocupação de imóveis construídos em áreas públicas e, para isso, mobilizou servidores inclusive durante o carnaval.

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Francieli e Leomar: surpreendidos com notificação em plena tarde de domingo | abc+



Francieli e Leomar: surpreendidos com notificação em plena tarde de domingo

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Francieli dos Santos Motta, 34 anos, e Leomar Bizarello Gehlen, 47, do bairro Canudos, ficaram sabendo às 17h02 do último domingo (2) que têm 30 dias para desocupar a casa onde vivem com a filha de 2 anos. A notificação foi entregue por duas fiscais da Prefeitura e seis agentes da Guarda Municipal.

A família vive na Rua Athanásio Becker, a mesma de Louraci Atayde Corrêa, de 83 anos, notificada há uma semana. Faltam 23 dias para terminar o prazo que ela tem para deixar o local onde mora há quatro décadas. O chalé de Louraci está no local onde será aberta uma rua. A Prefeitura informa que “a moradora não ficará desassistida” e será habilitada para receber aluguel social.

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Já Francieli e Leomar ainda não sabem que encaminhamento vão receber. Isso porque, embora tenham sido notificados no fim da tarde de domingo, eles só conseguirão tentar atendimento na Prefeitura na tarde desta quarta-feira (5), após o fim do recesso de carnaval.

“A gente ficou bem surpreso e ainda estamos vendo o que fazer. Apesar de terem vindo num domingo entregar a notificação, a Prefeitura só vai nos atender a partir de quarta-feira à tarde, porque está em recesso”, disse Francieli na manhã desta terça-feira (4).

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“É engraçado porque quando a gente precisa de um serviço da Prefeitura, muitas vezes nem na sexta à tarde eles atendem. Mas, para entregar uma notificação, eles têm urgência e pessoal para trabalhar no domingo”, questiona.

“Provavelmente vai haver uma demolição”, diz moradora

Diferente de outras notificações recentes, quando os fiscais informam que o imóvel será demolido ou até mesmo deram ordem de demolição, no caso de Francieli e Leomar as fiscais apenas afirmaram que a Prefeitura irá abrir uma rua no local.

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Para a moradora, no entanto, a interpretação é óbvia. “Se eles vão abrir uma rua, provavelmente vão tirar as casas daqui. Então, provavelmente vai haver uma demolição. Não tem como abrir uma rua e as casas continuarem aqui”, conclui.

“Pra onde eu vou”, questiona vizinho que também foi notificado

A situação do casal reflete a apreensão de outros moradores que vêm recebendo notificações semelhantes. Na semana passada, além de Louraci Atayde Corrêa, o motorista aposentado Sérgio de Oliveira, 72 anos, também foi notificado.

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Ele recebeu aviso de 30 dias para deixar a casa onde mora há 34 anos, localizada em um beco da Rua Bruno Werner Storck. Oliveira é vizinho de fundos de Francieli e Leomar. “Estou muito preocupado. Pra onde eu vou? Isso que querem fazer não existe, na minha visão.”

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Contraponto: veja o que diz a Prefeitura

“A Prefeitura esclarece que, durante anos, Novo Hamburgo buscou maneiras de amenizar o déficit habitacional e, principalmente, colocar em segurança as famílias que moram em áreas irregulares, em especial, regiões de enchente e zonas de deslizamentos.

Coube a essa gestão a tarefa de dar início real a essa transformação. Isso porque o Município recebeu a confirmação de que, em breve, dezenas de moradias serão construídas com recursos oriundos da União. O empreendimento é de uma construtora que atende aos requisitos da Caixa.

No entanto, para que essas obras saiam do papel e o recurso seja garantido, é necessário, além da área para construção das unidades habitacionais, que as ruas de acesso estejam liberadas. As desocupações, nos locais em que há ruas projetadas no entorno do empreendimento, são condição da Caixa Econômica Federal, entre outras, para liberação dos recursos para construção de moradias destinadas às famílias atingidas pela enchente ou em vulnerabilidade.

Por isso, há a necessidade urgente de que algumas famílias residentes em área pública sejam removidas. Caso essa operação não ocorra, não será possível começar as obras que mudarão de maneira significativa a realidade de Novo Hamburgo.

O Município não está notificando todas as famílias em área pública, somente aquelas que se encontram em local onde é necessária a retirada. Na área questionada foram entregues quatro notificações nos últimos dias, uma no domingo. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação fará os encaminhamentos necessários para que os moradores sejam assistidos.”

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