Ex-assessor de Bolsonaro alega que vigilância de Moraes não era ilegal

A defesa do coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegará ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o suposto monitoramento do ministro Alexandre de Moraes não foi ilegal, tratando-se apenas de buscas por informações públicas.

A argumentação será apresentada na resposta à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta quinta-feira (6/3). O relatório da Polícia Federal (PF) insere Câmara no núcleo de inteligência na trama golpista.


Entenda

  • Denunciados da PGR deverão apresentar defesa até esta quinta-feira (6/3).
  • Ao todo, são 34 alvos de denúncia. Elas foram oferecidas em diferentes peças acusatórias como forma de otimizar o andamento processual.
  • A PGR tem o prazo de cinco dias para responder às contestações. A denúncia volta ao STF, e o relator avalia a acusação e os argumentos da defesa.

O advogado Luiz Christiano afirmou à reportagem que os dados levantados por Câmara sobre viagens e a localização do ministro eram apenas um “encontro de agendas”.

“Isso que o pessoal está chamando de monitoramento nada mais é do que um cruzamento de agendas, algo que autoridades, por meio de seus funcionários e assessores, fazem para possibilitar encontros e conversas. Nem o ministro (Moraes) controla sua própria agenda, nem o presidente da República controlava, mas havia funcionários que faziam isso para possibilitar encontros”, explicou Christiano ao Metrópoles.

Em delação premiada, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou à PF e ao próprio Moraes que a vigilância era conduzida por Câmara, que repassava as informações ao ajudante, o qual, por sua vez, levava os dados ao ex-presidente.

Segundo Cid, Câmara tinha contato com um juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão presidido por Moraes na época. No entanto, a defesa do ex-assessor nega qualquer irregularidade.

“Não há monitoramento, apenas consultas a agendas, avaliação de conveniências e interesses. Não há nada de vigilância nisso”, rebateu o advogado.

Monitoramento

Em seu depoimento, Cid disse que havia diversos monitoramentos do ministro, todos sob o comando de Câmara. Em uma dessas ocasiões, o ex-ajudante de ordens relatou que Bolsonaro “estava meio nervoso” ao solicitar a vigilância do magistrado.

“O último monitoramento, quando fizemos aquela brincadeira de ‘professora’, foi o próprio presidente que pediu […] A informação era que você (Moraes) se encontraria com o general Mourão ou com alguém do governo dele. Ele estava meio nervoso com isso aí. Foi a informação que recebi. Por isso, utilizei o coronel Câmara para colher essa informação”, declarou Cid.

Embora tenha participado da coleta de informações sobre o ministro às vésperas do Natal, Cid afirmou a Moraes que não sabia se o monitoramento tinha fins ilícitos.

“Não sei detalhar outras pessoas que participaram dessa operação. Eu não participei e não sabia qual era o objetivo. Eu me ative apenas para ajudar, no que eles me mandavam. Eu não tinha noção que seria algo grave, assassinato, ou sei lá até que ponto eles poderiam chegar”, concluiu.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.