ONU e EUA pedem fim do massacre de civis na Síria

A Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos condenaram neste domingo (9) a crescente violência contra civis na Síria e apelaram pelo fim imediato dos massacres no noroeste do país. Relatos indicam que famílias inteiras foram exterminadas em regiões costeiras de maioria alauita.

Volker Turk, Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, destacou a gravidade da situação. “O assassinato de civis nas zonas costeiras do noroeste da Síria deve cessar imediatamente”, afirmou em comunicado.

Os confrontos tiveram início na quinta-feira (6), após um ataque de insurgentes alauitas, apoiadores do regime deposto de Bashar al-Assad, contra forças de segurança em Jableh, na província de Latakia. O episódio desencadeou a maior onda de violência desde a queda de Assad, em dezembro do ano passado.

Mais de mil mortos em poucos dias

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), mais de mil pessoas já perderam a vida desde o início dos confrontos, sendo a maioria civis. Segundo a ONG, 1.018 mortes foram confirmadas, das quais 745 ocorreram em massacres sectários nas províncias ocidentais.

O balanço também aponta para a morte de 273 membros das forças de segurança e combatentes pró-Assad. “O número de vítimas aumentou rapidamente desde a entrada de grupos armados para apoiar as forças de segurança e unidades do Ministério da Defesa das novas autoridades de Damasco”, informou o OSDH.

Apelos por paz e responsabilização

Diante da escalada de violência, o presidente interino da Síria, Ahmad al-Chareh, reforçou a necessidade de união nacional. “Temos de preservar a unidade e a paz civil tanto quanto possível. Se Deus quiser, poderemos viver juntos neste país”, declarou em discurso em uma mesquita de Damasco.

Nos Estados Unidos, o secretário de Estado Marco Rubio condenou os massacres e cobrou responsabilização pelos ataques contra comunidades minoritárias. “As autoridades interinas sírias devem responsabilizar os autores destes crimes”, afirmou em comunicado.

O governo britânico também se manifestou. O ministro das Relações Exteriores, David Lammy, classificou os assassinatos como “horríveis” e cobrou ações concretas das autoridades em Damasco. “A proteção de todos os sírios deve ser garantida, com um caminho claro para a justiça transicional”, declarou em sua conta na rede social X (antigo Twitter).

Pressão internacional por investigação

O Observatório para os Direitos Humanos pediu “medidas urgentes” da comunidade internacional, incluindo o envio de equipes especializadas para documentar os crimes cometidos contra civis. A ONG alertou ainda que a impunidade pode estimular novos episódios de violência, ameaçando a estabilidade política e social na Síria pós-Assad.

A crise humanitária na Síria segue como um dos principais desafios da nova administração interina, enquanto a comunidade internacional pressiona por soluções para o conflito que já devastou o país ao longo da última década.

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