Quem é o político do Novo que disse ser “50 vezes mais bandido”

O empresário e ex-candidato à prefeitura de Guarujá (SP), Claudio Fernando Aguiar (foto em destaque), foi alvo da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (11/3) por supostamente estar ligado a integrantes da facção criminosa PCC.

Como mostrou a coluna, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão contra Claudio, autorizados pela Justiça Federal em Santos. Ele virou alvo da corporação por causa de sua relação com Bruno Calixta, o Boy, integrante do PCC e principal alvo da investigação ao lado de Gabriel Martinez Souza, o Fant.

Claudio tem 44 anos e atua no setor de comunicação, sendo CEO do Sistema ISTV, uma emissora de televisão sediada no Guarujá. Ele também é administrador e pós-graduado em economia.

Ele concorreu ao cargo no executivo municipal em 2024 pelo Partido Novo. Com um total de 5.342 votos (cerca de 3%), ele foi derrotado na disputa ainda no primeiro turno. Na época, ele publicou uma foto em frente à cabine de votação.

No mesmo ano, às vésperas da eleição, ele foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público que apurava fraudes em licitações

Além de tentar a prefeitura, ele também já disputou, em 2018, a eleição para o governo de São Paulo pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e para deputado estadual, em 2022, pelo Partido Liberal (PL).

Antes, em 2013, foi secretário de Portos e Aeroportos de Guarujá.

Segundo o Partido Novo, ele já recebeu o título de Embaixador da Paz Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) por sua “luta contra os altos juros bancários e a corrupção no sistema político de pedágios e multas”.

Questionado pela coluna sobre a operação da PF que mirou um político filiado ao Novo, o partido afirmou que acionou a Comissão de Ética Partidária para abrir um processo administrativo para apurar os fatos ligados ao ex-candidato à prefeito.

A sigla também disse que repudia qualquer “desvio de conduta, prática irregular ou falta de transparência por parte de seus filiados, reafirmando seu compromisso intransigente com a ética, a integridade e as normas internas de compliance”.

Durante a campanha para prefeito, em 2024, ele divulgou as propostas para sua candidatura. Dentre elas, estava a atuação para prevenir a delinquência juvenil, o tráfico de drogas, violência doméstica, de vulnerável e uso de álcool e drogas e o incentivo ao retorno do Proerd, programa para conscientização de jovens sobre o uso de drogas.

“Promover a integração entre secretarias para a efetivação de políticas públicas nas áreas irregulares, para evitar a exposição dos cidadãos aos desmandos das estruturas do tráfico de drogas existentes nestes territórios”, diz trecho do documento disponibilizado à Justiça Eleitoral.

Em 2020, sua ex-mulher, Virgínia Ferraz, foi morta a tiros no Guarujá durante um suposto latrocínio. Depois do episódio, foi criada uma fundação que leva seu nome.

Operação Emergentes

A investigação conduzida no âmbito da operação Emergentes, da PF, apura possíveis crimes de organização e associação criminosa para o tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

As informações que desembocaram na Emergentes vieram a partir da análise de materiais apreendidos em outras duas operações, a Sólis e a Morgan. Como o volume de dados era grande e havia muitos investigados, a corporação pediu que a investigação fosse desmembrada.

Foram analisados relatórios de inteligência financeira, dados obtidos por meio da quebra de sigilo telemático e foram realizadas pesquisas em bancos de dados para aprofundar a apuração.

Segundo a PF, foi isso que confirmou “toda a hipótese criminal, demonstrando-se, cabalmente, a existência de um associação, estável e permanente, para o tráfico internacional de drogas e condutas típicas de lavagem de capitais na transação de valores oriundos do tráfico”.

Ainda segundo os agentes, ficou “evidente” que alguns dos investigados integrariam o PCC.

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