Crise na ViagensPromo: especialista analisa possibilidades; fusão pode ser única alternativa para evitar colapso

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Fabrizio Gammino comentou o caso (Divulgação)

A ViagensPromo enfrenta um momento delicado, com a crise financeira se agravando nas últimas semanas. Dificuldades no cumprimento de pagamentos a fornecedores resultaram no cancelamento de embarques, deixando passageiros no solo. Diante desse cenário, a operadora contratou um escritório de advocacia para buscar alternativas, descartando, por ora, a recuperação judicial. No entanto, especialistas apontam que as opções viáveis para evitar um colapso definitivo são limitadas.

Para Fabrizio Gammino, CEO da Gröwnt, e especialista global em gestão, financiamentos e incentivos à Inovação Tecnológica, a principal dificuldade para a ViagensPromo se recapitalizar está na falta de garantias concretas para obter crédito no mercado. “A empresa já está passando por um corte na relação com as aéreas, o que complica ainda mais a busca por capitalização.

Nessas condições, a dificuldade de acesso ao crédito está na ausência de garantias, já que se trata de uma empresa de agenciamento, sem ativos relevantes para avalizar operações”, explica. Ele destaca que, em situações como essa, não é incomum que o acionista majoritário seja chamado a empenhar bens próprios para garantir empréstimos.

Embora o escritório de advocacia contratado pela operadora tenha descartado a recuperação judicial, Gammino alerta que esse caminho poderia acelerar o colapso da empresa. “Diferente da 123 Milhas, que possui uma tecnologia proprietária e pode continuar operando mesmo em RJ, talvez o maior valor da ViagensPromo seja seu fundo de comércio, ou seja, sua base de clientes. Nesse contexto, uma recuperação judicial poderia ser um caminho direto para a falência”, analisa.

O executivo também fez um paralelo da situação da ViagensPromo ao caso da Americanas. “Apesar de ter pontos de venda físicos, vários fornecedores passaram a exigir pagamento à vista após a recuperação judicial, mudando completamente seu mix de produtos. No setor de turismo, onde parcelamento e financiamento são essenciais, seria muito difícil operar sem as poucas aéreas que existem no Brasil”, afirma.

Ele acrescenta que uma RJ implicaria a formalização do default aos credores, o que dificultaria ainda mais futuras operações e relações comerciais.

Com a recuperação judicial descartada, a fusão aparece como a principal alternativa para a ViagensPromo. No entanto, Gammino alerta que essa solução também enfrenta desafios consideráveis. “Precisamos entender se a dívida da empresa já não supera seu próprio valuation. Além disso, uma empresa com credibilidade em xeque pode ter dificuldade em atrair potenciais interessados na aquisição”, pondera.

O mercado segue atento aos desdobramentos, enquanto agentes de viagens e fornecedores pressionam por respostas e soluções concretas. A definição do futuro da ViagensPromo, seja por meio de uma fusão ou outra estratégia, será crucial não apenas para a empresa, mas para a confiança do setor como um todo.

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