Sempre na direita

É sentado no banco do motorista que se tem uma visão mais abrangente do meio em que se trafega, em especial de tudo o que se refere ao ato de dirigir, uma vez que a responsabilidade do “comandante” do veículo é enorme. Nem sempre quem é conduzido tem essa percepção.

Uma coisa é dirigir quando o tráfego é reduzido e calmo, outra é quando é denso, uma vez que cada carro tem que necessariamente interagir com muitos outros, É para isso que foram desenvolvidas regras de trânsito ao longo de muitas décadas.

Exemplo disso é o que vi nas escadas rolantes do metrô londrino, local de grande fluxo de pessoas como em todo metrô. Placas indicam “mantenha-se na direita” (keep right) para que pessoas com pressa possam vencer os degraus para chegar mais rapidamente ao andar desejado..

Até achei estranha a instrução, dado que na Inglaterra a mão é esquerda, portando deveria ser “mantenha-se na esquerda”, mas os ingleses sabiamente devem ter considerado o fato de turistas do mundo inteiro visitarem Londres.

Nos países de mão direita, a maioria, deve-se manter na direita, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) art. 29 Inciso IV combinado com o art. 198, este deixar de dar passagem quando solicitado, infração média, 4 pontos e multa de R$ 130,16.

Caminhão visto de trás, andando em uma estrada, com carros ao redor e uma placa com limites de velocidade
Placa com alerta de velocidade no Contorno Viário da Grande Florianópolis [PRF/ ND Mais/ Reprodução]

O que se nota com frequência é motoristas “alugarem” a última faixa da esquerda e relutarem ou não darem passagem pela esquerda. Ou por acharem ser alguma desonra, ou por acharem que estando trafegando à velocidade máxima permitida não são obrigados a dar passagem. Errado: isso não está previsto em Código algum e usuário da estrada não é polícia rodoviária. Na hipótese de se estar a 200 km/h, se um veículo pedir passagem é obrigação concedê-la.

Esse mau hábito acaba gerando outro, proibido segundo o nosso Código, que é ultrapassar pela direita salvo se o veículo à frente estiver com a seta esquerda ligada indicando intenção de dobrar para este lado.

Carreta parada, vista de trás, com carga dourada e viatura da PRF preta parada em seguida
Carreta flagrada pela PRF na BR-470 com excesso de peso [Polícia Rodoviária Federal/ ND Mais/ Reprodução]

Outro motivo de muitos permanecerem na última faixa sem necessidade, no caso de duas faixas de rolamento apenas, é histórico, quando a da direita costumava ter piso irregular e/ou com óleo devido ao tráfego de veículos pesados, mas isso hoje não existe mais, salvo alguns poucos casos.

Em minha opinião há mais uma razão para permanecer na faixa da esquerda, que é a pessoa se julgar importante e por isso se ver no direito de usar a faixa da esquerda o quanto e pelo tempo que quiser.

motorista
(reprodução)

Deve-se deixar a última faixa da esquerda sempre livre, quando não se tratar de ultrapassar, obviamente. Além de não precisar que lhe peçam passagem, é uma questão de segurança ter espaço de manobra para os dois lados caso aconteça algum evento à frente.

Uma vez fui fiscalizado por estar na esquerda sem necessidade. Foi há uns dez anos na Via Dutra sentido Rio, no posto da PRF de Itatiaia, RJ. Um policial me parou e disse que estava na faixa esquerda em vez de na direita. Exultei, achei aquilo fantástico, nunca havia visto. Parabenizei-o dizendo que se todos fossem como ele o tráfego rodoviário só poderia melhorar.

Mas eu estava certo, então expliquei-lhe por quê. Antes do posto eu havia feito uma ultrapassagem e logo veio faixa branca contínua, eu não podia ir para a faixa da direita, só depois que ela voltasse a ser tracejada, depois do posto policial. “O senhor tem toda razão”, devolveu-me os documentos e me desejou boa viagem.


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