China pode barrar mil frigoríficos dos EUA, impacto pode chegar a US$ 5,4 bi

Quase mil frigoríficos norte-americanos correm o risco de perder a habilitação para exportar carne bovina, suína e de frango para a China a partir do próximo domingo (16). O impacto estimado é de US$ 4,1 bilhões no setor de carne bovina e US$ 1,3 bilhão na carne suína. Essa decisão está ligada ao fim da validade da autorização concedida durante o Acordo de Fase 1, assinado entre os dois países em 2020, no governo de Donald Trump.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) enviou uma carta às autoridades chinesas solicitando a renovação dessas habilitações, mas não recebeu resposta. O silêncio por parte do Departamento Sanitário da China indica que a renovação pode não ser concedida. Algumas plantas que solicitaram extensão já no ano passado seguem habilitadas até 2028 e 2029, mas grande parte dos frigoríficos ainda depende da decisão chinesa.

A não renovação pode gerar impacto significativo na oferta de carnes na China, resultando em possível aumento de preços no mercado doméstico chinês. O Brasil surge como um possível beneficiado na exportação de carne para a China, mas enfrenta desafios para atender a essa demanda adicional. Isso ocorre porque as plantas já habilitadas estão operando próximas ao limite de sua capacidade produtiva.

Os reflexos para o Brasil

Segundo Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócio, o Brasil poderia suprir parte da demanda chinesa, mas necessitaria de novas habilitações para frigoríficos. “O Brasil teria capacidade de exportar para lá, sim, mas nós dependemos da habilitação de novos frigoríficos aqui no Brasil para, então, termos autorização para embarcar. Porque hoje as plantas já habilitadas estão exportando e é difícil que essas mesmas plantas consigam aumentar sua capacidade de produção”, afirma.

A China tem buscado alternativas para evitar problemas no fornecimento de carne, como a habilitação de frigoríficos no Uruguai e na Argentina. No curto prazo, caso a suspensão das licenças dos frigoríficos americanos se concretize, o mercado chinês pode enfrentar um aumento nos preços das carnes, impactando o consumo interno. “Nesse momento de ruptura, se realmente for confirmada a suspensão da habilitação, deve gerar alguma inflação de carnes no mercado doméstico da China”, explica Delara.

Para o Brasil, o impacto pode ser limitado no curto prazo, uma vez que a capacidade produtiva nacional já está próxima ao máximo. “Talvez a gente tenha um leve aumento nos embarques, mas nada que vá superar 100% essa restrição de oferta vindo dos Estados Unidos”, conclui. O mercado aguarda uma definição do governo chinês para entender os próximos passos e as consequências para a cadeia global de carnes.

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