As correntes oceânicas têm papel fundamental em diversos acontecimentos no planeta. As massas de água se movem pelos oceanos influenciando o clima global e interferindo até na alimentação dos seres humanos.
As correntes oceânicas ou correntes marítimas são fluxos contínuos de água que se deslocam em função da origem, do grau de insolação e da densidade no interior dos oceanos. “Elas são importantes porque, além de fazer transporte de microrganismos e sedimentos, contribuem sistematicamente para que não só as espécies marinhas se desloquem para fazer procriação, como também nutrientes importantes para o desenvolvimento de determinados ecossistemas marinhos”, explica o professor de geografia Flávio Bueno, do Centro Educacional Sigma, em Brasília.
As correntes possuem características próprias de velocidade, salinidade e temperatura. “Elas ajudam a caracterizar o clima nas áreas para as quais se dirigem porque regulam a temperatura e a umidade do ar”, destaca a professora de geografia Eliane Garcia Morello, da Maple Bear Canadian School, em Brasília.
Classificação das correntes oceânicas
Os fluxos de água podem ser classificados de acordo com a temperatura e a profundidade, podendo ser quentes ou frios, superficiais ou profundos.
Quanto à temperatura:
- Correntes quentes: aumentam a umidade atmosférica e favorecem chuvas, como a Corrente do Golfo, que influencia o clima de algumas regiões da Europa e no Caribe.
- Correntes frias: reduzem a umidade, tornando o litoral de determinadas regiões mais secos, como a Corrente de Humboldt e a Corrente da Califórnia.
Quanto à profundidade:
- Correntes superficiais: são tropicais e com temperaturas mais quentes, tornando o nível de evaporação maior e influenciando a formação de chuvas.
- Correntes profundas: têm origem polar e temperaturas mais frias, tornando o nível de evaporação menor e retirando umidade das regiões.
Influência das correntes oceânicas na vida marinha
Uma das grandes influências das correntes oceânicas é na biodiversidade marinha. Elas funcionam como uma estrada submarina para o transporte de calor, oxigênio e nutrientes essenciais para a vida marinha. Ainda são capazes de conectar diferentes ecossistemas e influenciar locais onde determinadas espécies vivem e se alimentam.
“As correntes são fundamentais para reciclar e redistribuir nutrientes, especialmente nas chamadas correntes de ressurgência, que trazem águas profundas e ricas em nutrientes para a superfície. Esse processo alimenta o fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar marinha, sustentando a vida de pequenos organismos até grandes predadores”, ensina a professora de ciências biológicas Emanuele Abreu, do Colégio Católica Brasília.

Diversas espécies marinhas dependem das correntes oceânicas para sobreviver, entre elas estão:
- Plânctons: são carregados pelas correntes, servindo de alimento para peixes e outros animais;
- Corais: usam as correntes para espalhar suas larvas e formar novos recifes;
- Tartarugas e baleias: utilizam as correntes para facilitar suas migrações e encontrar alimento;
- Peixes migratórios (salmão e atum): seguem as correntes para suas áreas de reprodução e alimentação.
O comprometimento desses fluxos de água pode alterar habitats, forçando a migração de espécies. Tudo isso afetaria a pesca, pois peixes típicos de algumas regiões podem se “mudar” para outros locais. “A poluição, como o excesso de plásticos e substâncias químicas, pode prejudicar a vida marinha ao longo dessas correntes, impactando toda a cadeia alimentar e os ecossistemas costeiros”, alerta Emanuele.
Como as correntes oceânicas afetam o clima
As correntes oceânicas desempenham um papel crucial na regulação térmica, pois ajudam a distribuir o calor do sol ao redor da Terra. “Por exemplo, as correntes quentes que seguem para as áreas temperadas elevam a temperatura do ar e provocam chuvas. Já as correntes frias rumam para as baixas latitudes, diminuem a temperatura do ar e provocam falta de chuvas. Esse processo de transporte de calor ajuda a moderar as temperaturas globais, evitando extremos climáticos”, diz Eliane.
No entanto, o aquecimento global é um dos grandes inimigos das massas de água. Se elas forem alteradas pela poluição, os impactos podem ser graves. No Brasil, mudanças no transporte de calor e umidade podem intensificar secas no Nordeste e aumentar chuvas no Sul, afetando a pesca e a biodiversidade. Já na Europa, com o enfraquecimento da Corrente do Golfo, os invernos seriam mais rigorosos e eventos climáticos se tornariam mais extremos e frequentes.
“Isso pode gerar oscilações oceânicas que aqueceriam ou resfriariam exageradamente a água, intensificando fenômenos. Além disso, a redução de biodiversidade pode gerar impacto social, ambiental e econômico”, afirma Flávio.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!