Padre de Osasco diz que “oração ao golpe” é fake news da PF

São Paulo — Indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva (foto em destaque) se manifestou após ter as medidas cautelares removidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o passaporte devolvido. A nota agradece aos fiéis e ataca a investigação e o relatório da PF que o colocou entre os suspeitos de tramar uma ruptura democrática no Brasil.

“O epíteto ‘oração ao golpe’ (sic!) colocado no relatório originou-se em uma infeliz expressão sensacionalista, alimentando o enorme caudal de fake news contra o religioso”, escreveu o padre em nota conjunta com seu advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal.

No relatório em que denuncia a tentativa de golpe, a PF chama de “oração ao golpe” uma mensagem enviada pelo padre no WhatsApp em que sugere aos cristãos do Brasil que se unam em orações para o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e outros 16 generais quatro estrelas “pedindo a Deus que lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda”. Segundo a PF, a mensagem disseminada tinha o objetivo de constranger militares que eventualmente não aderissem à tentativa de golpe.

Para o padre e a defesa dele, a investigação retirou de contexto as mensagens enviadas pelo sacerdote da paróquia de São Domingos, em Osasco, na Grande São Paulo.

“Centenas de mensagens anteriores e posteriores às apresentadas pela Polícia Federal comprovariam o caráter exclusivamente espiritual e legal da atuação desvelada do religioso. Todas elas foram ocultadas e ‘esquecidas’ pelos perquisidores (sic). Infelizmente os referidos investigadores preferiram maquiar a verdade com quatro ou cinco mensagens e nada além disso”, diz o comunicado.

Na última terça-feira (18/3), a defesa do padre foi autorizada a buscar o notebook, o celular e o passaporte dele na sede da PF em Brasília. Os materiais haviam sido apreendidos em operação no apartamento do pároco no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

A decisão também retirou a proibição do padre de manter contato com outros investigados, sair do país e frequentar cerimônias, festas ou homenagens no Ministério da Defesa, na Marinha, na Aeronáutica, no Exército e nas polícias militares. Apesar de ter sido investigado, o padre não foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

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