Cacofonia de Trump gera incertezas e afugenta investidores, diz economista da Truxt

No episódio mais recente do podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo e Henrique Esteter, Arthur Carvalho, economista-chefe da Truxt Investimentos, foi o entrevista. Ele abordou os impactos das políticas econômicas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacando como suas ações têm gerado volatilidade e incerteza nos mercados globais.

“A fala de Trump vem sempre carregada de uma certa cacofonia (discurso duro e indesejado). Ainda assim, ele está quebrando paradigmas que, para o mercado, são muito importantes”, afirma. Carvalho explica que o presidente adota uma postura incomum ao utilizar ferramentas econômicas com o objetivo de obter retornos que nem sempre são financeiros, como ficou evidente nas políticas de deportação. Essa abordagem gera um nível de volatilidade ao qual os mercados não estão acostumados.

Ausência de estratégia

O economista ressaltou que a ausência de uma estratégia clara na Casa Branca contribuiu para agravar a instabilidade. Em vez de traçar planos bem estruturados, Trump reagia às consequências de suas próprias ações. Um exemplo disso foi o ataque econômico ao Canadá, tradicional aliado e vizinho dos EUA, que resultou em queda no índice S&P 500 e redução dos dados de confiança dos investidores. “Essa postura pode resultar em um baixo crescimento do país”, alertou o economista.  

Excepcionalismo americano  

Outro ponto relevante abordado por Arthur Carvalho foi o impacto das políticas de Trump sobre o conceito de “excepcionalismo americano” — a ideia de que os Estados Unidos têm uma posição única e proeminente no cenário global, especialmente no campo da inovação e pesquisa. Historicamente, o país lidera em termos de instituições acadêmicas de ponta e premiações, como o Prêmio Nobel, do qual cerca de 70% dos vencedores são americanos.  

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Contudo, Trump sinalizou a intenção de cortar verbas para universidades e programas de pesquisa, o que poderia abrir espaço para a ascensão de outras economias, como a China. “A redução de investimentos em pesquisa e desenvolvimento nos EUA poderia beneficiar diretamente os chineses, que se consolidam como o principal antagonista americano no comércio global”, destacou Carvalho.  

Reformulação educacional  

Trump propôs, recentemente, a reformulação do Departamento de Educação dos Estados Unidos. O presidente criticou a ineficiência dos investimentos realizados desde a criação do departamento, em 1979, que já ultrapassam US$ 3 trilhões. Trump argumentou que os resultados educacionais permanecem insatisfatórios, com baixos índices de proficiência em matemática e leitura entre estudantes do quarto e oitavo ano, além da estagnação nas pontuações de testes padronizados.  

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Para enfrentar essa crise educacional, a administração Trump sugeriu descentralizar o controle federal e transferir a governança educacional para os estados, permitindo que desenvolvam políticas adaptadas às suas realidades locais. A proposta visava reduzir a burocracia e aumentar a liberdade educacional, oferecendo mais autonomia para que os estados impulsionem o desempenho escolar e promovam oportunidades para as famílias.  

Alvo de críticas

Apesar das intenções reformistas, a visão de Trump para o setor educacional foi alvo de críticas, especialmente pela possível perda de competitividade frente a países que priorizam investimentos em ciência e tecnologia. Na avaliação de Arthur Carvalho, medidas como essa poderiam prejudicar a posição dos Estados Unidos no cenário internacional e comprometer a manutenção da liderança econômica e tecnológica do país.

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