A escola de samba Protegidos, no bairro Rondônia em Novo Hamburgo, recebeu neste sábado (22) a primeira edição do Sarau Damas do Samba, um evento que coloca em evidência o papel fundamental das mulheres no samba e no carnaval. O sarau destaca o protagonismo feminino e celebra a contribuição de diversas mulheres à cultura e à comunidade carnavalesca local.
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Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial
Organizadora do evento, Danusa Alhandra destaca a importância de valorizar as figuras femininas no carnaval: “Novo Hamburgo tem uma tradição carnavalesca que poucos conhecem. Na década de 90, tínhamos o melhor carnaval da Região. Essas mulheres homenageadas são figuras muito conhecidas por quem vive o carnaval. Muitas das ações nos bastidores são tocadas por mulheres, mas os espaços de liderança são, em sua maioria, ocupados por homens. A Protegidos foi escolhida para sediar o primeiro Sarau porque tem uma presidente mulher, a Lana Flores, e isso faz toda a diferença.”
Nesta primeira edição, o evento prestou homenagem a duas personalidades marcantes do carnaval local: Margarida Marília da Silva e Nair da Silva Flores. Margarida, que também foi Rainha de Carnaval e professora por 30 anos em Novo Hamburgo, sentiu-se gratificada com a homenagem. “O Carnaval me trouxe para Novo Hamburgo. Fui Rainha, passista, destaque de escola de samba… A minha escola de coração é a Protegidos, mas gosto de todas as escolas. E fiquei muito triste com a ausência do desfile este ano porque não ter Carnaval é doloroso, o carnaval também é conhecimento e história”, disse.
Por sua vez, Nair da Silva Flores, uma das pioneiras do carnaval local e fundadora da Protegidos, também ficou emocionada pela homenagem: “É importante ser lembrada. O Carnaval sempre foi muito importante na minha vida. São 50 anos neste meio e é uma alegria celebrar e ser homenageada”, declarou.
Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial
Lana Flores, presidente da Protegidos e filha de Nair, também expressou sua honra em estar à frente da homenagem: “Perdemos recentemente uma das fundadoras da Protegidos, a Janete, primeira mulher a ocupar uma diretoria no carnaval. Agora, cabe a nós segurar a potência dessa escola.”
Espaço para o empreendedorismo
Além das homenagens, o sarau contou com exposições de produtos de afroempreendedoras e apresentações culturais, como o grupo Sambaiaiá e o grupo de dança afro Nossas Raízes. A iniciativa busca fomentar a cultura negra e celebrar a ancestralidade do samba. “Queremos celebrar o presente e o futuro, não só a ancestralidade”, explica Danusa.
Entre os expositores estava Carlos Silva, proprietário da Abayomi, que ressaltou a importância de apoiar os afroempreendedores locais: “Hoje, não temos um local fixo para fazer eventos ao ar livre. As escolas de samba são núcleos de resistência e sempre ajudamos a fomentar esses coletivos. Mas precisamos de mais apoio, porque isso impacta diretamente na renda das pessoas.”
O Sarau Damas do Samba é uma ação que se estende até julho, com edições alternadas entre as escolas de samba Protegidos e Cruzeiro do Sul. No total, 12 mulheres serão homenageadas ao longo das edições, reconhecendo seu impacto social e cultural.
As homenageadas do Sarau
- Março – Dia 22, às 16 horas, na Protegidos: Nair da Silva Flores e Margarida Marília da Silva
- Abril – Dia 25, às 19h30, na Cruzeiro do Sul: Tia Lúcia, integrante da velha guarda, e Olívia Flores, mestra de bateria infantil
- Maio – Dia 24, às 16 horas, na Protegidos: Marisandra da Silva, ativista do carnaval, e Rose Carrion, passista da protegidos
- Junho: Dia 20, às 19h30, na Cruzeiro do Sul: Rosane Dutra, atuante na Cruzeir, Graziela Silva, coordenadora do projeto Sábado da Gente, e Marlene Dutra é integrante da Velha Guarda
- Julho: Dia 26, às 16 horas, Protegidos: Tika, ativista cultural, escritora e carnavalesca, Zette Flores e Vera Flores, carnavalescas.