Dealbook: Planos de guerra vazados e o problema com as mensagens “fora do canal”

O vazamento do Signal

De longe, a maior história do dia é a impressionante revelação do The Atlantic de que Pete Hegseth, o secretário de Defesa, discutiu planos sensíveis de bombardeio no Iêmen com outros altos funcionários do governo Trump em um aplicativo de mensagens – em um texto de grupo que incluía equivocadamente o editor-chefe da publicação, Jeffrey Goldberg.

O incidente levantou sérias questões sobre se o bate-papo em grupo violou leis, incluindo a Lei de Espionagem, e colocou tropas em perigo. Mas também é uma reminiscência de como as empresas de Wall Street entraram em apuros por razões semelhantes. Elas tiveram que pagar mais de US$ 2 bilhões por terem feito o tipo de mensagem “fora do canal” [tradução livre da expressão “off-channel”] que Hegseth e outros estão sendo duramente criticados.

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“No momento, estamos limpos no OPSEC”, Hegseth escreveu em um ponto, referindo-se à segurança operacional, durante um bate-papo em grupo no Signal, de acordo com Goldberg. O secretário de Defesa então revelou planos de guerra detalhados no mesmo canal. Goldberg, que havia sido adicionado por Michael Waltz, o conselheiro de segurança nacional, disse que não incluiu os detalhes mais confidenciais do bate-papo em seu artigo.

Embora Goldberg escreva que inicialmente não tinha certeza se a coisa toda era uma piada ou uma campanha de desinformação, o lançamento de ataques aéreos contra alvos no Iêmen acabou convencendo-o de que era real. (Waltz respondeu com emojis aos detalhes do bombardeio: “👊🇺🇸🔥”.)

Goldberg mais tarde deixou o grupo e confirmou com a Casa Branca que o bate-papo era real.

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Os críticos dizem que o bate-papo em grupo violou leis e protocolos de segurança. Não ocorreu em sistemas seguros aprovados pelo governo e pode ter ocorrido nos telefones de funcionários do governo, que seriam alvos de hackers por adversários estrangeiros.

Além disso, Waltz havia definido algumas das mensagens do grupo para desaparecerem após uma semana e outras após quatro semanas. Por envolverem discussões sobre atos oficiais, se não fossem prontamente encaminhadas às contas oficiais do governo para arquivamento, os participantes poderiam ter entrado em conflito com as leis federais.

Exemplos em Wall Street

Tais acusações são semelhantes às que as empresas financeiras enfrentaram dos reguladores, que impuseram grandes multas pelo uso de serviços de mensagens “fora do canal”, incluindo Signal, WhatsApp e iMessage. Mais de duas dúzias de instituições – incluindo o aplicativo de negociação Robinhood, os credores Wells Fargo e BNP Paribas e outros – admitiram violar as disposições de manutenção de registros das leis federais de valores mobiliários. (Banqueiros individuais também foram multados por seus empregadores.)

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As razões são semelhantes: a SEC e outros pressionaram os bancos a manter o controle sobre as mensagens de seus funcionários para garantir que nenhuma lei seja violada. “Falhas na manutenção de registros como essas prejudicam nossa capacidade de exercer uma supervisão regulatória eficaz, muitas vezes às custas dos investidores”, disse Sanjay Wadhwa, então vice-diretor de fiscalização da SEC, em 2023, anunciando US$ 289 milhões em multas contra 11 empresas.

Os reguladores da era Trump policiarão isso daqui para frente? Dois dos atuais comissários da SEC, Mark Uyeda (que agora é presidente interino) e Hester Peirce, criticaram esses casos porque “não parece que as empresas tenham um caminho viável para a conformidade”.

Paul Atkins, a escolha do presidente Trump para liderar a comissão, pensa da mesma forma: “Não tenho certeza se esse é o paradigma mais produtivo ou o melhor para uma agência seguir”, disse ele em um painel da Federalist Society em abril passado.

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