“Não existe justiça, porque a Silvia não volta mais”, diz companheiro de mulher morta pelo filho em Estância Velha

O julgamento de Anderson Adriano Rodrigues da Silva, 33 anos, acusado pelo Ministério Público de matar a própria mãe, Silvia Regina Coelho de Brito, segue em andamento nesta quinta-feira (27) no plenário da Câmara de Vereadores de Estância Velha. A vítima, que tinha 50 anos, foi assassinada em novembro de 2022 dentro da floricultura que administrava, a Esquina das Flores, na esquina da Avenida Brasil com a Rua Carlos Antônio Bender, bairro União.

Carlos Weber acompanha julgamento, que acontece no plenário da Câmara de Vereadores de Estância Velha | abc+



Carlos Weber acompanha julgamento, que acontece no plenário da Câmara de Vereadores de Estância Velha

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O réu, que está preso desde o dia 2 de dezembro de 2022, recusou-se a comparecer ao julgamento. Ele se negou a ser transportado para Estância Velha quando agentes da Polícia Penal pretendiam iniciar o deslocamento. Mesmo assim, o júri popular está ocorrendo, e a previsão é de que se estenda até a noite.

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Nesta manhã, foram ouvidas duas testemunhas: o pai do réu, que falou sobre sua relação com o filho, e um jardineiro contratado por Silvia, que auxiliava nos cuidados com as plantas da floricultura.

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Companheiro de Silvia afirma que a condenação deve servir de exemplo

Durante um intervalo do julgamento, a reportagem do ABCmais conversou com o arquiteto Carlos Rogério Weber, 57, companheiro de Silvia. Para ele, não há justiça possível nesse caso, pois a vítima está morta.

“Não existe justiça, porque a Silvia não volta mais. Uma morte nunca vai ser compensada por um processo judicial, mas é o meio que a gente tem para, digamos, tentar amenizar a dor de todas as pessoas que sofreram, porque a Silvia era uma pessoa muito querida em toda a comunidade. Ela realmente não tinha uma única inimizade, todos gostavam dela. O que está se buscando agora é a condenação de uma pessoa que realmente machucou muito toda a cidade”, afirma.

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Carlos conta que ele e Silvia se conheciam há cerca de quatro anos e viviam uma fase de grande afinidade. A morte dela deixou um vazio, e ele precisou buscar ajuda médica para lidar com a perda.

“Existe um vazio. Com certeza esse vazio nunca vai ser preenchido. Eu tive que me tratar, me tratei por quase dois anos, porque sozinho eu não superaria. Estava muito difícil acordar e não ter ela do meu lado”, desabafa.

Para Weber, a condenação de Anderson deve servir de exemplo para evitar novas tragédias contra mulheres.

“Eu acho que a condenação, se vier, de certa forma, vai tentar conscientizar as pessoas sobre os maus-tratos contra mulheres. É todo um contexto, agora não estamos falando só sobre a Silvia. Quantas mulheres sofrem no dia a dia com os maridos, com os filhos? Então, eu acho que a condenação dele vai servir como exemplo”, opina.

Carlos também relembra com carinho os momentos ao lado de Silvia e destaca a parceria entre os dois.

“Eram duas pessoas maduras, que já tinham vivido muitas coisas. E quando a gente se encontrou, não nos desgrudamos mais. Isso era dia e noite. Eu saía do meu escritório e ia para a floricultura ajudá-la. Nos finais de semana, eu trabalhava com ela. Depois dali, sempre tínhamos fôlego para sair, para nos divertir. Tanto que, no último sábado antes da morte dela, dia 19, fomos a três eventos depois de trabalhar um dia inteiro. A gente não se desgrudava mesmo”, destaca.

O julgamento segue sem previsão de término, e a expectativa é de que entre noite adentro. A defesa do réu está sendo conduzida pelo advogado criminalista Daniel Hartz Anacleto, de São Leopoldo, nomeado pelo Poder Judiciário após dois defensores públicos recusarem atuar no caso, alegando questões pessoais. A acusação é conduzida pelo promotor Bruno Amorim Carpes.

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