Ministros de Lula questionaram, nos bastidores, o timing da divulgação da pesquisa Genial/Quaest sobre a avaliação do governo. O levantamento foi veiculado na quarta-feira (2/4), um dia antes de o Palácio do Planalto realizar um mega evento de balanço dos dois primeiros anos da gestão petista.
A pesquisa foi feita com 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais entre 27 e 31 de março. Os dados mostram que a reprovação ao governo Lula cresceu sete pontos desde o final de janeiro, chegando a 56%, enquanto a aprovação caiu seis pontos, atingindo 41% — piores níveis desde o início do mandato.
Nos bastidores, auxiliares de Lula disseram que a divulgação dos dados na véspera do evento levantou dúvidas. “Interessante esse movimento da Quaest de lançar essa pesquisa um dia antes do evento. Isso não me passou despercebido”, comentou à coluna um ministro do Palácio do Planalto.
O evento de balanço está sendo organizado Pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, chefiada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira desde janeiro de 2025. O governo quer que a cerimônia ajude a melhorar os índices de popularidade de Lula.
Sidônio, inclusive, havia marcado o evento justamente para a quarta-feira (2/4), mesmo dia da divulgação do resultado da pesquisa Genial/Quaest. Ainda na semana passada, porém, a cerimônia foi adiada para a quinta-feira (3/4), às 10h. Oficialmente, o governo alegou questões de agenda.
A Secom, como vem noticiando a coluna, pretende usar o ato para ressaltar feitos do governo nos últimos dois anos, destacando programas novos e de outros mandatos petistas que foram reembalados, como o PAC. O evento acontecerá no centro de convenções Ulysses Guimarães.
Inicialmente, havia previsão que Sidônio apresentasse o novo slogan do governo, que substituirá o “União e Reconstrução”, durante a cerimônia. No entanto, segundo apurou a coluna, o ministro da Secom recuou e decidiu não mais lançar um novo slogan da gestão Lula no evento da quinta.
O que diz a Quaest
À coluna, o CEO da Quaest, Felipe Nunes, disse que os levantamentos do instituto possuem calendários de divulgação já acertados com os clientes que pedem as pesquisas e que a empresa não pode alterar o cronograma por causa de eventos políticos, seja do governo, seja da oposição.
“As pesquisas da Quaest seguem um calendário de divulgação pré-determinado em contrato com o nosso cliente, a Genial. Eu não posso, nem devo, mudar o momento de se fazer pesquisa por causa de eventos de governo ou oposição, não é?”, disse Nunes.
Quaest assusta Planalto
A pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira assustou integrantes do Palácio do Planalto. Como a coluna mostrou, ministros dizem que o resultado indica que o presidente Lula precisa fazer uma mudança brusca em sua gestão, sobretudo por conta das eleições de 2026.