Sem recuo do governo, mercado já precifica recessão nos EUA, aponta analista da XP

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Havia uma expectativa do mercado de que no final de semana o governo tomasse algumas medidas para amenizar o impacto das tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta (2), e que fizeram com que as bolsas no mundo na quinta (3) e sexta (4) entrassem em turbulência. Mas não foi o que aconteceu.

Segundo Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, que participou do programa Morning Call da XP nesta segunda (7), alguns analistas ainda achavam que as tarifas anunciadas por Trump “poderiam ser revistas, postergadas ou canceladas” já que elas só entram para valer em vigor no dia 9 de abril.

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Para ele, “o risco muito grande da economia global entrar em recessão” poderia ser um motivo de mudança de postura do governo Trump.

Sem recuo

“Não houve essa notícia, pelo contrário, o próprio Secretário do Tesouro, Scott Bessent, veio a público dizer que não tinha motivo de rever as tarifas”, comentou. O estrategista comparou que o mercado ficou a uma mensagem de Trump na rede social postergando a adoção das tarifas.

Ferreira lembrou que no final de semana o próprio Trump disse que não queria que o mercado de ações caísse, mirando o resultado das medidas no longo prazo.

“Parte do mercado ainda precifica que essas tarifas não vão em frente, mas caso ela sigam, o mercado poderá cair ainda mais. Mas o fato é que o cenário de recessão já começa a ir para o preço (dos ativos)”, destacou.

“Agora, as empresas vão tomar decisão de investimentos bem mais cautelosas, e também os consumidores, que vão ser afetados por aumento de preço na maioria dos produtos de consumo”, disse.

“Em cenário de recessão dos Estados Unidos, a bolsa tende a cair 30% na média. Desde o pico em fevereiro, a bolsa já caiu 20%” disse. “O risco de recessão (nos EUA) aumentou bastante”, afirmou.

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Ele acha que Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderia “jogar uma boia para o mercado, mas a gente viu na sexta que o Jerome Powell (presidente do Fed) não está com muita pressa de se mexer nisso”.

Ferreira lembrou ainda que as tarifas têm impacto inflacionários nos Estados Unidos e a inflação continua acima da meta por lá. O mercado já está precificando que o Fed deve cortar mais juros do que o esperado, ressaltou.

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