Adolescentes: um alerta para cuidar da mente

Com o objetivo de chamar a atenção para as prioridades da saúde global, o Dia Mundial da Saúde é celebrado nesta segunda-feira (7). Além de um corpo físico saudável, o estado de bem-estar também está relacionado com as emoções e necessidades individuais. Uma pessoa com problemas de saúde mental pode apresentar sofrimento psíquico, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, bipolaridade, entre outras consequências.

Psicóloga Vanessa Marques



Psicóloga Vanessa Marques

Foto: Paulo Pires/GES

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Questões de saúde mental podem acometer qualquer faixa etária. Recentemente, a minissérie da Netflix “Adolescência” ampliou o debate entre os jovens e as famílias. Sintomas de cunho emocional e mental manifestados e não tratados podem causar efeitos devastadores na vida de uma pessoa em qualquer idade.

Em Canoas, a psicóloga Vanessa Marques fala sobre os impactos da falta de tratamento em situações vivenciadas na infância e adolescência.

“Questões desencadeadas em crianças e adolescentes são mais fáceis de tratar. Não é impossível na fase adulta, mas quero dizer que o tratamento feito enquanto o cérebro está em desenvolvimento fica mais facilitado e pode levar menos tempo. Além de evitar possíveis consequências negativas na vida da pessoa”, explica.

A profissional destaca a pandemia de Covid-19 como um marco.

“A partir de 2020, houve um aumento considerável de jovens pedindo sessões de terapia aos pais. O isolamento social foi muito impactante. Os adolescentes precisam de contato presencial. Na pandemia, eles ficaram sem esse contato com os amigos, isso gerou uma certa dificuldade nos relacionamentos. Para quem é mais tímido, aquele período foi bom, no entanto, o retorno foi ruim e ainda mais desafiador.”

Vanessa cita que ainda há uma certa resistência por parte de algumas famílias em aceitar a terapia.

“Têm casos em que o adolescente ficou um ano pedindo para os pais uma consulta. A demora para atender o pedido, muitas vezes, vai além da questão financeira. Alguns responsáveis acham que não é necessário fazer terapia. Nesses casos, há uma negação da realidade na qual o filho necessita de ajuda. Deixar o adolescente em tratamento e reconhecer as dificuldades nem sempre é fácil, mas é possível.”

Reflexos da resistência

A psicóloga menciona algumas possíveis características de mães e pais que apresentam mais resistência em aceitar a terapia dos filhos.

“Em um contexto geral, podem ser narcisistas, egocêntricos, controladores, rígidos, podem não possuir uma escuta, ou seja, existe uma falta de aproximação com os filhos. Com isso, muitas vezes, o adolescente passa por questões de vulnerabilidade e guarda para si”, reflete.

Diálogo e procura profissional

Vanessa enfatiza a importância de profissionais capacitados para lidar com os jovens.

“Infelizmente, nem todos estão aptos para casos difíceis, como o vivenciado da minissérie Adolescência. Casos desafiadores induzem ao erro, ou seja, a chance de não saber como agir corretamente é maior.”

Para a psicóloga, a falta de informação e compreensão pode induzir os pais a invalidar os sentimentos e dores dos filhos.

“Na dúvida, tenha abertura para o diálogo e procure um profissional.”

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