Desvio de emendas: as mensagens que incriminam ministro de Lula

A investigação da Polícia Federal que deu origem à denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Juscelino Filho cita mensagens que mostram o ministro das Comunicações do governo Lula (PT) indicando contas e nomes de terceiros para que um empresário fizesse pagamentos.

O ministro de Lula foi denunciado por corrupção por desvios em obras na cidade de Vitorino Freire (MA) custeadas com emendas parlamentares. A denúncia é um desdobramento da operação Odoacro, que apurou os desvios e que tinha como principal alvo o empresário Eduardo José Costa Barros, conhecido como Eduardo DP

As conversas e os desvios pelos quais Juscelino Filho foi denunciado são da época em que ele era deputado federal.

Uma das conversas, de 18 de janeiro, mostra quando Juscelino filho envia o nome de uma pessoa e o valor de R$ 9,4 mil para Eduardo DP. No dia seguinte, o empresário manda uma mensagem com um recibo da transação que havia sido solicitada.

Para a PF, a confirmação de que a transferência foi a pedido do ministro é uma conversa de Eduardo DP com seu irmão em que ele pede para fazer o depósito.

“Isso é do Juscelino lá de Vitorino, o Deputado, faz isso aí, que a terraplanagem daquela pavimentação quem fez foi ele, é pra descontar, viu?”, diz o empresário na mensagem ao irmão.

Meses depois, em março, Juscelino novamente faz um pedido a Eduardo DP. “Parente, tudo bem…já tem como resolver aquela terraplanagem do bairro”, pede o então deputado.

“Parente, pago até sexta sem falta”, responde Eduardo DP. Ainda falando sobre repasses, a PF cita um conversa de 23 de março em que Juscelino Filho compartilha o contato de Antônio Tito e cita dois pagamentos de R$ 194 mil e de R$ 400 mil.

Antônio Tito, em seguida, conversa com Eduardo DP. “Meu amigo, nosso amigo, o deputado disse que tu ia me procurar daqui para sexta, né? Só estou mandando meu contato aqui para anotar, tá? Um forte abraço, Eduardo. Valeu”, diz Tito.

No relatório da operação Odoacro, a PF elenca conversas em que Juscelino Filho faz indicações de contas bancárias em nome de terceiros e pede a Eduardo DP o repasse de valores para elas.

Eduardo DP, por exemplo, pergunta a Juscelino em uma conversa “qual nome da pessoa pra pegar o edital e onde” e, depois, manda um comprovante de depósito de R$ 31,5 mil para uma empresa.

As mensagens também mostram o atual ministro de Lula sugerindo o nome de um homem e uma mulher, como destinatários de repasses de R$ 40 mil e R$ 9 mil.