Jogo dos sete erros: saiba como diferenciar a cobra coral verdadeira das falsas

Não são ilusionistas ou mágicos, mas na natureza há espécies que gostam de enganar as demais por meio de um fenômeno evolutivo: o mimetismo, que deixa até nós, os humanos, confusos. No Brasil, um dos casos mais comuns é o das falsas-corais, cobras que não são peçonhentas (em sua maioria), mas imitam uma das serpentes mais perigosas do país. De longe, todas têm semelhanças: corpo arredondado e listras vermelhas, pretas e brancas. Mas, como em um jogo dos sete erros, pequenas diferenças entregam o disfarce.

Existem mais de 60 espécies de falsas-corais no território brasileiro. De coral-verdadeira, são 41, divididas em dois gêneros: Micrurus (o mais conhecido, que predomina na Mata Atlântica) e Leptomicrurus (que habita a Amazônia e possui algumas espécies com listras amarelas).

Geralmente, o que varia entre elas são características como o formato e a cor da cabeça, a boca, a disposição e a extensão das listras e o tamanho dos olhos. No entanto, algumas espécies são tão semelhantes que diferenciá-las é quase impossível.

Por isso, o recomendado pelos especialistas ao se deparar com qualquer serpente é sempre se afastar, para evitar acidentes, e buscar ajuda profissional caso o animal esteja em ambiente urbano. É possível acionar o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil ou o Controle de Zoonoses.

Na natureza, as falsas-corais se dão bem: sua coloração é reconhecida como um alerta pelos outros animais, que acabam mantendo distância. Afinal, o veneno da coral-verdadeira é altamente tóxico e atinge o sistema nervoso. A exceção são as aves de rapina, que conseguem predar as cobras sem serem picadas, e os gambás, comprovadamente resistentes aos venenos das serpentes.

Quietinha e mortal: conheça o poder da coral-verdadeira, uma das serpentes mais tóxicas do Brasil

Coral verdadeira | abc+



Coral verdadeira

Foto: José Felipe Batista

Algumas espécies de falsa-coral vão além da aparência física para se disfarçar, copiando também comportamentos. Um exemplo é a Erythrolamprus aesculapii, que enrola a ponta da cauda e a expõe para cima para proteger a cabeça, uma estratégia de defesa usada pela coral-verdadeira. Além disso, assim como as corais-verdadeiras, as falsas também possuem o costume de ficar no solo e se esconder em meio à vegetação.

Apesar da diferenciação entre coral verdadeira e falsa, se engana quem pensa que as falsas são inofensivas: existem algumas espécies que são peçonhentas e agressivas, e podem causar acidentes. A diferença é que o veneno delas é bem menos potente do que o da coral-verdadeira e não exige aplicação de soro – mas isso não significa que é seguro tentar segurá-las ou tocá-las.

Conheça algumas dessas imitadoras profissionais:

Atractus latifrons

Atractus latifrons | abc+



Atractus latifrons

Foto: Miguel Trefaut

  • Família: Dipsadidae
  • Onde habita: no Brasil, é encontrada na Floresta Amazônica e no noroeste do Cerrado. Ocorre também na Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Peru e Suriname
  • Peçonhenta: não

Erythrolamprus aesculapii

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Erythrolamprus aesculapii

Foto: Alessandher Piva

  • Família: Dipsadidae
  • Onde habita: ocorre na maior parte dos biomas brasileiros, exceto Caatinga e Pantanal. Amplamente distribuída na América Latina, em países como Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela
  • Peçonhenta: sim (envenenamento leve)

Simophis rhinostoma

Simophis rhinostoma | abc+



Simophis rhinostoma

Foto: Henrique C. Costa

  • Família: Colubridae
  • Onde habita: Mata Atlântica e Cerrado, no Brasil e Paraguai. Há alguns registros na Caatinga
  • Peçonhenta: não

Oxyrhopus guibei

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Oxyrhopus guibei

Foto: Fabiano Morezi

  • Família: Dipsadidae
  • Onde habita: Cerrado e Mata Atlântica, com registros isolados na Amazônia, Caatinga e Pantanal. Ocorre também na Argentina, Bolívia e Paraguai
  • Peçonhenta: não

*com informações de butantan.gov.br

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