Nasa: telescópio Webb registra planeta sendo engolido por estrela

Pela primeira vez, astrônomos conseguiram acompanhar o momento em que um planeta é destruído ao colidir com sua própria estrela. O evento ocorreu em 2020, mas novas imagens captadas pelo telescópio espacial James Webb, da Nasa, estão ajudando os cientistas a entender melhor como esse desfecho aconteceu.

Na época, a principal hipótese era que o planeta havia sido engolido pela estrela quando ela se transformou em uma gigante vermelha, fase final da vida de astros como o Sol.

Mas, segundo os novos dados analisados por uma equipe internacional de astrônomos, não foi isso que aconteceu. A explicação mais provável agora é de que o planeta tenha sido arrastado lentamente para dentro da estrela, à medida que sua órbita foi se deteriorando ao longo do tempo.

“Sabemos que há uma boa quantidade de material da estrela que é expelido enquanto o planeta passa por seu mergulho mortal. A evidência posterior é esse material residual empoeirado que foi ejetado da estrela hospedeira”, afirmou astrônomo Ryan Lau, do NOIRLab, Fundação Nacional de Ciências dos EUA ,e principal autor do estudo publicado no Astrophysical Journal, na última quinta-feira (10/4).

Sinais do impacto permanecem no espaço

O telescópio Webb, lançado em 2021 e em operação desde 2022, registrou os sinais deixados pela colisão. Entre os rastros observados estão: gás quente, que parece ter formado um anel ao redor da estrela, e uma nuvem de poeira mais fria, que se expandiu após o impacto.

A estrela em questão está localizada na Via Láctea, a cerca de 12 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação de Áquila. Ela é um pouco menos brilhante e mais avermelhada que o Sol, com cerca de 70% de sua massa.

Já o planeta, segundo os cientistas, era provavelmente um “Júpiter quente” — nome dado a gigantes gasosos com órbitas muito próximas de suas estrelas, o que os torna extremamente quentes.

As observações do Telescópio Espacial James Webb da NASA sobre o que se acredita ser o primeiro evento de engolfamento planetário já registrado. Metrópoles
As observações do telescópio espacial James Webb, da Nasa, sobre o que se acredita ser o primeiro evento de engolfamento planetário já registrado

“Acreditamos que provavelmente tinha que ser um planeta gigante, com pelo menos algumas vezes a massa de Júpiter, para causar uma perturbação tão dramática na estrela quanto a que estamos vendo”, explicou o pesquisador Morgan MacLeod, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica e coautor do estudo.

Futuro semelhante pode aguardar o sistema solar?

Os pesquisadores acreditam que a gravidade da estrela interferiu na órbita do planeta, fazendo com que ele perdesse altitude aos poucos até mergulhar na atmosfera estelar.

“Então, ele começa a raspar a atmosfera da estrela. Nesse ponto, o vento contrário da colisão com a atmosfera estelar assume o controle e o planeta cai cada vez mais rápido em direção à estrela”, descreveu MacLeod.

Apesar dos dados detalhados, os cientistas ainda não sabem exatamente o que aconteceu com o planeta após o impacto.

“Neste caso, vimos como a queda do planeta afetou a estrela, mas não sabemos ao certo o que aconteceu com ele. Em astronomia, há muitas coisas grandes demais e ‘lá fora’ demais para serem experimentadas. Não podemos ir ao laboratório e colidir uma estrela com um planeta — isso seria diabólico. Mas podemos tentar reconstruir o que aconteceu em modelos computacionais”, disse o pesquisador.

Esse tipo de colisão não ameaça os planetas do Sistema Solar no curto prazo, já que nenhum está perto o suficiente do Sol para que um fenômeno semelhante ocorra. Ainda assim, os astrônomos lembram que isso pode mudar em bilhões de anos.

Quando o Sol entrar na fase de gigante vermelha, o destino de planetas como Mercúrio, Vênus e até a Terra poderá ser semelhante. Ao inflar suas camadas externas, o astro pode acabar engolindo os planetas mais próximos.

“Nossas observações sugerem que talvez os planetas tenham maior probabilidade de encontrar seu destino final espiralando lentamente em direção à sua estrela hospedeira, em vez de o astro se transformar em uma gigante vermelha para engoli-los. Nosso Sistema Solar parece ser relativamente estável, então só precisamos nos preocupar com o Sol se tornando uma gigante vermelha e nos engolindo”, afirmou Lau.

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