Vídeo mostra ativista trans sendo agredida no rosto em prédio de SP

São Paulo — Um vídeo gravado por câmeras de segurança mostram o momento em que a ativista social e comunicadora Iza Potter é agredida com golpes no rosto por um homem em frente à porta de seu prédio, na madrugada do último domingo (13/4), em São Paulo.

Na gravação obtida pelo Metrópoles, e possível ver o momento em que a mulher trans acompanha o homem até a porta. Na “despedida”, o agressor tenta agarrar Iza e um embrolho entre os dois se inicia do lado de fora da porta do prédio.

Veja:

 

As luzes do corredor se apagam e segundos depois de a mulher volta sem as vestimentas de cima. Ela tenta se desvencilhar do agressor, tentando fechar a porta do prédio, porém não tem sucesso.

O homem puxa a ativista pelos cabelos e desfere golpes no rosto da mulher, que está caída no chão enquanto sofre as agressões. O vídeo é interrompido por alguns segundos e corta para o agressor arrombando a porta do prédio e seguindo pelo corredor.

“Poderiam ter segurado ele”

Na manhã do último domingo, Iza publicou em suas redes sociais um vídeo expondo o ocorrido. Com o rosto machucado, a mulher contou que convidou o homem para subir ao seu apartamento após conhecê-lo na volta de um evento. Depois de terem uma relação sexual, o homem passou a se recusar a sair do local, começou a ficar agressivo e a acusou de ter roubado o seu celular. A ativista afirma que ele já havia comentado sobre a perda do aparelho antes de subir ao apartamento.

Em entrevista ao Metrópoles, a ativista contou que por volta das 5h da manhã do domingo, começou a perceber que algo estava errado e passou a tentar levar o homem para fora do prédio.

“Ao chegar na porta do prédio, ele me segurou pela camisa. E começou a falar: ‘Você me roubou, você estava comigo ali em tal festa’ e não falava coisa com coisa. E ali começaram as agressões. Quando ele segurou minha camisa, fiz um movimento para que a camisa saísse do meu corpo e eu conseguisse entrar, mas no que eu consegui entrar, ele agarrou nos meus cabelos, baixou minha cabeça e bater nela”, relata.

Iza reclama que, após subir ao apartamento para chamar a polícia, moradores e funcionários do prédio que presenciaram a cena não seguraram o homem, que continuou por um tempo no local e inclusive teria danificado a porta do prédio, segundo a vítima. Ele foi embora na sequência.

“Poderiam ter segurado ele, porque logo em seguida, cinco minutos depois, a polícia chegou. Era para ter sido em caráter de flagrante (…) Porque era uma travesti que estava ali, era a palavra dele dizendo que eu havia roubado. Eles falavam na cabeça deles que ‘travesti não presta’, mas sem saber quem era eu, o que eu faço, o trabalho em que eu atuo”, diz.

A ativista foi encaminhada até uma unidade de pronto atendimento e, na sequência, à delegacia, onde registrou boletim de ocorrência. Depois, passou pelo IML.

“Tentativa de transfeminicídio”

Iza afirma se sentir insegura para voltar ao seu prédio, com medo de que o agressor volte ao local, e pretende se mudar de endereço. Ela afirma que vai solicitar uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. “Foi uma tentativa de transfeminicídio”, diz.

Além dos ferimentos na cabeça e no olho, a ativista relata que os golpes danificaram um aparelho auditivo que ela utiliza. “Ele bateu muito na minha cabeça, muito. Eu sou uma pessoa implantada, eu faço uso de aparelho auditivo. Ele danificou o meu aparelho, o aparelho está com mau funcionamento”.

A ativista relata que resolveu levar o caso a público para que não seja tratado apenas como “mais um episódio de violência contra uma pessoa trans”, ressaltando seu trabalho como comunicadora e ativista social. Iza tem 38 mil seguidores no Instagram e outros 3 mil no LinkedIn.

“O que importa para mim agora é buscar justiça. Quantas outras pessoas vão passar por isso? Quantas outras meninas podem passar por isso? Não vou ficar omissa com medo de que as pessoas julguem. Eu sou ser humano, acima de tudo”, afirma.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), informou que o caso foi registrado como lesão corporal na manhã de domingo. O autor fugiu antes da chegada da polícia e a ocorrência foi registrada no 78º Distrito Policial (Jardins), que requisitou exame ao Instituto Médico Legal.

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