Após 100 dias de gestão, oposição critica “bolsonarização” de Nunes

São Paulo – A oposição ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) apresentou nesta segunda-feira (14/4)  um “balanço crítico” dos 100 primeiros dias do novo mandato do emedebista à frente da capital paulista.

Entre as principais críticas, estão o não cumprimento de objetivos listados nas metas estabelecidas pela própria gestão municipal e a postura que os opositores classificam como de “autoritarismo” do prefeito.

Em evento realizado na Câmara Municipal, vereadores e líderes partidários da oposição apresentaram o que consideram os principais defeitos da gestão Nunes em 2025. Entre os presentes, estava Guilherme Boulos (PSol), derrotado por Nunes no segundo turno da eleição em 2024.

O encontro teve o objetivo de dar uma resposta ao evento realizado na última semana pelo prefeito para apresentar o balanço dos cem primeiros dias da nova gestão. Na ocasião, o prefeito anunciou um pacote de 55 grandes obras, avaliadas em R$ 19 bilhões, algumas delas “recicladas” de sua gestão anterior na prefeitura.

“É um governo que não consegue cumprir a própria meta que colocou, eram 43 metas para os cem primeiros dias, e eles só cumpriam 15. E muitas eram rescaldo do plano de metas que ele já havia começado na gestão anterior”, afirmou o vereador Toninho Vespoli, líder do PSol na Câmara Municipal.

Segurança

Os opositores destacaram a aproximação do prefeito com o bolsonarismo, especialmente pelo discurso linha dura adotado na área da segurança. 

Nessa área, criticaram ações que consideram mais voltadas ao marketing do que efetivamente para melhorar a política de segurança, como a instalação de um  “prisômetro” para contar em tempo real os presos pelo Smart Sampa e a pressão para a aprovação da mudança do nome da Guarda Civil Metropolitana para Polícia Municipal, depois barrado pela Justiça.

“É uma visão positivista, atrasada e demagógica de achar que está combatendo o problema de segurança. Outra bobagem feita na área da segurança foi sobre a questão de mudar o nome da GCM. Passamos dois meses brigando aqui. E claramente foi proibido porque é inconstitucional”, afirmou o vereador Eliseu Gabriel (PSB).

“Autoritarismo”

Os presentes também fizeram críticas à participação de Ricardo Nunes na manifestação convocada por Bolsonaro na avenida Paulista no dia 6 de abril, que pedia a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2022.

“Venderam uma mentira de que a postura na disputa era democrática. Vocês se lembram durante a campanha, em mais de uma ocasião, o Ricardo Nunes escondendo o Bolsonaro. Agora, fez questão de fazer um papelão indo para a avenida paulista defender anistia para golpista ao lado do Bolsonaro”, disse Guilherme Boulos.

O psolista e outros presentes criticaram a possibilidade de Nunes em deixar o cargo no ano que vem para disputar o governo de São Paulo, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) seja candidato à presidência, dizendo que o mandatário tem deixado de lado problemas da cidade para pensar em “voos maiores”.

A líder do PT na Câmara, Luna Zarattini, também chamou atenção à presença do prefeito no ato, dizendo que o” autoristarismo” se reflete quando Nunes se juntou “a pessoas que tentaram um golpe no nosso país”.

A vereadora ainda classificou como autoritária a postura de Nunes em relação à pauta de aumento salarial de servidores, citando uma declaração da mandatário dizendo que poderia punir professores que participassem de greve.

Sobre a relação com a Câmara Municipal, os vereadores de oposição criticaram a pressão que a base aliada tem sofrido para não indicar membros para as duas CPIs que foram aprovadas em plenário, tidas como não favoráveis à gestão municipal: uma para investigar as causas das enchentes no Jardim Pantanal e outra para apurar possíveis fraudes na comercialização de moradias de interesse social.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.