De olho em 2026, Nunes turbina verba para câmeras do “Big Brother SP”

São Paulo — A gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), turbinou a verba para a operação do programa Smart Sampa, que monitora as ruas da cidade e ajuda em prisões por meio de reconhecimento facial.

O programa é a grande aposta como marca de gestão de Nunes, que almeja disputar o governo de São Paulo caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicano) não dispute a reeleição para tentar a Presidência da República.

O orçamento inicial para a rubrica manutenção e operação de redes de monitoramento remoto para redes de segurança urbana começou o ano em R$ 45 milhões. No entanto, ele já saltou para R$ 80 milhões, um aumento percentual de 88%, segundo levantamento feito pelo Metrópoles com base na execução orçamentária da prefeitura.

O valor previsto para o ano é dez vezes maior que o separado para o programa de proteção escolar, de R$ 8 milhões.

Se concretizada a previsão para o gasto em monitoramento, o valor representará também um aumento em relação ao gasto no último ano, um total de R$ 54 milhões. Até agora, já foram gastos R$ 28 milhões.

O orçamento total para segurança neste ano é de R$ 1,5 bilhão. O tema é o que mais tem mobilizado a gestão Nunes, que também se engajou na tentativa de transformar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) em Polícia Metropolitana –o que foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal.

O enfoque em segurança e em um discurso linha-dura fazem parte de uma série de acenos do prefeito à população assolada pela sensação de insegurança e também para o eleitorado bolsonarista. Nunes foi reeleito em meio a cobranças por uma marca pela qual sua gestão fosse lembrada. Internamente, o Smart Sampa é visto como um feito que possa cumprir essa função, dado o seu apelo popular.


Prisômetro no centro

  • No final de fevereiro, a prefeitura apostou na capitalização das prisões do programa, ao lançar um “Prisômetro”.
  • O “Prisômetro” é um painel com contagem em tempo real de prisões em flagrante e de captura de foragidos identificados por câmeras inteligentes do programa Smart Sampa.
  • Na ocasião, já contabilizava a prisão de 720 foragidos e 1.902 prisões em flagrante.
  • Além disso, 41 pessoas que estava desaparecidas foram identificadas por meio das câmeras de reconhecimento facial.
  • O painel foi instalado em frente ao Centro de Comando do Smart Sampa, na Rua XV de Novembro, na região central da cidade.
  • A estrutura de LED tem três metros de altura e um metro de comprimento. A ferramenta foi viabilizada por meio de doação da iniciativa privada.
  • O equipamento foi classificado por membros da oposição como uma ação de puro marketing. Apesar das prisões, o próprio Smart Sampa também não escapa de críticas.

Críticas da oposição

As bancadas feministas do PSol na Câmara Municipal de São Paulo e na Assembleia Legislativa (Alesp) entraram na sexta-feira (18/4) com uma representação no Ministério Público de São Paulo (MPSP) para pedir investigação sobre o que consideram falhas de identificação pelo sistema Smart Sampa.

As parlamentares do PSol argumentam que os algoritmos das câmeras que identificam possíveis criminosos têm falhas e não são “treinados” com rostos de negros, mulheres e pessoas trans, o que pode gerar erros.

“Boa parte desses algoritmos foram treinados a reconhecer rostos a partir de bancos de dados em que não há pessoas racializadas, e nem mesmo mulheres, ou pessoas trans, de maneira representativa, resultando em maior dificuldade para algoritmo criar uma assinatura facial acurada para essas populações”.

O texto lembra ainda de casos de erros do Smart Sampa que já ocorreram em São Paulo, como o do cabo da Polícia Militar que foi reconhecido como foragido por um homicídio quando caminhava fardado pela região central da capital paulista na tarde do dia 17 de março, e o de Gabrieli Crescencio, uma mulher grávida de 8 meses detida após ser reconhecida pela tecnologia de reconhecimento facial e que teve o parto prematuro durante a abordagem. A administração municipal nega os erros nos dois casos.

A Prefeitura de São Paulo, em nota, informa que o programa Smart Sampa tem a aprovação de 89% da população, segundo pesquisa do IPESPE. “É um resultado que demonstra a confiança dos cidadãos em um programa que alia tecnologia e transparência, promovendo respostas rápidas a crimes e situações de emergências, além da localização de pessoas desaparecidas”.

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