Mercado da soja pressionado por incertezas tarifárias e risco de alta nos juros dos EUA

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Foto: Pixabay/ Arte Canal Rural

O mercado internacional da soja enfrenta um momento de forte tensão. Apesar da demanda global continuar firme – sustentada principalmente pela China, que segue como principal compradora – o cenário macroeconômico e geopolítico atual impõe riscos significativos à formação de preços da commodity.

Tarifas, tensões comerciais e volatilidade

As recentes movimentações dos Estados Unidos em ampliar barreiras tarifárias, sobretudo no contexto da guerra comercial com a China, acendem um sinal amarelo para os exportadores. O risco é duplo: por um lado, a elevação de tarifas pode afetar os fluxos comerciais globais e encarecer produtos; por outro, gera instabilidade no apetite dos importadores, que podem postergar compras ou buscar alternativas mais baratas no curto prazo.

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O Brasil, que historicamente se beneficia de tensões entre EUA e China, pode até ganhar mercado no curto prazo. No entanto, esse “bônus geopolítico” pode ser anulado por uma retração geral nos preços, caso os compradores globais passem a atuar com mais cautela.

Alta dos juros nos EUA: fuga dos fundos das commodities

Outro fator crítico é a possível alta nos juros americanos. Com a inflação persistente nos Estados Unidos, o Federal Reserve pode ser forçado a manter ou até elevar os juros por mais tempo. Isso torna os ativos de renda fixa norte-americanos mais atrativos, desviando capital especulativo dos mercados de commodities agrícolas, como a soja.

Esse movimento, tecnicamente, pressiona os contratos futuros na Bolsa de Chicago (CBOT). Mesmo com fundamentos de oferta e demanda relativamente equilibrados, os fundos reduzem posições compradas, o que provoca queda nos preços de curto prazo.

Gráfico técnico aponta fragilidade

Tecnicamente, os contratos da soja têm enfrentado resistência na casa dos US$ 10,70/bushel e suporte em torno de US$ 9,50. A perda deste último nível pode levar a commodity a testar novas mínimas do ano. A forte demanda temporária tem mantido os prêmios nos portos altamente compensadores.

Conclusão: preços pressionados apesar da demanda

Mesmo com a demanda asiática resiliente e estoques globais relativamente controlados, o ambiente macro e político atual gera uma pressão de baixa nos preços da soja. O produtor brasileiro, atento ao câmbio e aos custos internos, precisa redobrar o cuidado na comercialização, evitando vendas precipitadas e monitorando a movimentação dos fundos e do cenário global. A Participação dos fundos, divulgada no dia 18/04/2025, em Chicago aumentou consideravelmente, podendo levar os preços a romperem a resistência de US$ 10,70/bushel.

Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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