Mega-Sena: mulher que diz ter perdido R$ 202 milhões quebra o silêncio

Imagine achar que ganhou R$ 201,9 milhões na Mega-Sena e não receber o prêmio porque a aposta não foi registrada pela lotérica: essa foi a desilusão da dona de ótica Mara Hoffmann, de São Bento, na Paraíba. Em entrevista exclusiva à coluna, que revelou o caso nessa terça-feira (22/4), a empresária conta que sonhou com os números sorteados.

No concurso 2524, de 28 de setembro de 2022, jogou as seguintes dezenas: 03, 20, 22, 23, 37, 41 e 43. Nenhuma aposta registrada acertou todos os números – Mara, portanto, seria a única vencedora da Mega-Sena.

“Foi em um sonho que Deus me deu, anotei os números de madrugada”, disse a apostadora, que se considera “muito evangélica”.

Assista à entrevista de Mara à coluna:

O cerne da questão reside no fato de que a funcionária que atendeu Mara na lotérica não teria registrado o bilhete na Mega-Sena. No lugar dele, teria passado duas vezes um outro jogo da Quina e grampeado o respectivo comprovante. Mara só teria notado o erro antes do sorteio.

“Ela (a funcionária) não estava prestando muita atenção (ao registrar os jogos), não. Era o tempo todo no celular e fazendo o trabalho dela”, relembrou.

Um dia após o sorteio da Mega-Sena, a dona de ótica teria retornado à lotérica, conversado com a gerente e visto as imagens das câmeras de segurança, que, segundo a empresária, atestaram o erro da funcionária ao não registrar o bilhete supostamente ganhador. Uma cópia dessa filmagem, porém, não foi concedida.

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Mara Hoffmann processa lotérica na Paraíba

Mara Hoffmann processa lotérica na Paraíba
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Mara Hoffmann processa lotérica na Paraíba

Arquivo pessoal

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Mara Hoffmann processa lotérica na Paraíba

Arquivo pessoal

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Mara Hoffmann processa lotérica na Paraíba

A optometrista, então, acionou o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) em 30 de setembro de 2022 para ter acesso às imagens e aos dados das apostas. Na visão da defesa, que consta no processo obtido pela coluna, seria uma produção antecipada de provas para comprovar os fatos. Mara também registrou boletim de ocorrência.

A Justiça paraibana acatou a solicitação em 1ª instância em fevereiro passado. Antes disso, a apostadora apresentou declaração de pobreza para pedir gratuidade judicial – que acabou negada.

“Desta forma, diante da desagradável sensação de injustiça e da necessidade de um pronunciamento judicial, mesmo sem ter condições financeiras para suportar os dispêndios processuais, a parte autora, ingressa com esta ação com a intenção de se valer dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, ficando isenta de arcar com quaisquer ônus ou despesas processuais”, diz a petição inicial.

A loteria contesta os fatos e, por isso, recorreu da decisão. De acordo com a defesa, as imagens das câmeras de segurança não estão mais disponíveis porque são apagadas a cada 6 meses. Assim, trataria-se de uma produção impossível de provas.

Constam imagens dos bilhetes da Mega-Sena, da Quina e da Lotofácil no processo. Veja:

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Bilhete da Quina de Mara

Bilhete da Lotofácil de Mara
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Bilhete da Mega-Sena de Mara

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Bilhete da Quina de Mara

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Bilhete da Lotofácil de Mara

Enquanto a mulher usa essas imagens para provar a própria versão dos fatos, a lotérica rebate:

“Ao se observar a forma como foi grafada e marcada as apostas no espelho da aposta, vemos que justamente a da MEGA-SENA é diferente das outras, deixando claro que foi feito posteriormente. Outro fato interessante é quando vemos o local onde foi grampeada a aposta, nas apostas realizadas vemos que foram grampeadas na lateral de cima do lado esquerdo, e justamente na da MEGA-SENA, se destacou o espelho original, se colocou um feito posteriormente e se grampeou no centro do bilhete”, sustenta a defesa do estabelecimento.

O valor pago pelo bilhete também é questionado. “Por fim de forma a arrematar o aqui aduzido, se materializa no valor da aposta, pois segundo o espelho da MEGA SENA anexado, vemos que foram marcados 07 números, assim sendo, só esta aposta seria R$ 31,50. Diferente dos R$ 11,00 cobrados, referente a todas as apostas realizadas”, complementa.

Mara disse à coluna que não tem esperanças de reaver o prêmio da Mega-Sena, mas quer que a Justiça seja feita. “Eu, hoje, poderia estar com minha vida totalmente mudada”, lamentou.

Sobre o sorteio da Mega-Sena

À época, o prêmio de R$ 201,9 milhões era considerado um dos maiores da Mega-Sena, próximo ao da Mega da Virada de 31 de dezembro de 2020. Como ninguém acertou as seis dezenas, o montante acumulou pela 14ª vez consecutiva.

Houve 404 apostas ganhadoras da quina (cinco acertos), no valor de R$ 43.914,62. Outros 30.194 jogos fizeram a quadra (quatro acertos) e receberam R$ 839,40.

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