Sem ex-presidentes: política atual explica comitiva curta de Lula no velório do Papa

Em 2005, quando morreu o Papa João Paulo II, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava em seu primeiro mandato e aproveitou a ocasião para fazer um gesto republicano simbólico, convidando para integrar a comitiva oficial brasileira que iria ao velório alguns ex-presidentes da República. Mas circunstâncias especiais e, especialmente, a deterioração do ambiente político, vão marcar a presença de autoridades brasileiras na despedida do Papa Francisco.

Naquela época, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney viajaram no avião presidencial e Itamar Franco, que servia como embaixador na Itália, juntou-se a comitiva na capital italiana. O único que não foi convidado em 2025 foi o ex-presidente Fernando Collor.

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A previsão é que a comitiva saia do Brasil na noite de quinta-feira, 24, por volta das 22h. O retorno está previsto para sábado, após a cerimônia

Agora, estão confirmados na comitiva presidencial que vai ao velório no Vaticano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja da Silva, além dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, da Câmara, Hugo Motta, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Ou seja, até agora, nenhum ex-presidente foi convidado ou confirmou presença na comitiva.

Para o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP), Marco Teixeira, as relações políticas se deterioraram muito nos últimos 20 anos. Ele acha totalmente improvável um convite ao ex-presidente Bolsonaro por, pelo menos, duas razões: “Primeiro, porque Bolsonaro não pode sair do país. E, mesmo que pudesse, seria uma surpresa muito grande porque as relações entre os dois estão para lá de relações de adversários”, avalia Teixeira.

Teixeira aposta que o ex-presidente Michel Termer – chamado de golpista por Lula – também não estaria na lista de pessoas gratas ao atual Presidente. Além dele, Fernando Henrique Cardosos está com idade muito avançada e Sarney acabou de sair do hospital.

Quem Lula poderia chamar seria a própria Dilma Rousseff, que hoje está mais no exterior do que no Brasil em função do cargo que ocupa. “Por isso, acredito que a opção é não chamar ninguém, já que chamar uns e não chamar outros seria até antirrepublicano”, afirma o professor.

Segundo Teixeira, o problema não é de quem está no poder, é de quem esteve também. “Bolsonaro não chamaria o Lula e provavelmente nem iria, pois quando o Papa Francisco estava vivo, ele chamou o Papa de comunista,” acrescenta.

No entanto, o professor destaca a preservação da harmonia entre os poderes como um ponto positivo. Representantes dos três poderes estarão na comitiva para o velório do Papa. “A politica perdeu seu conceito originário de conversa, de negociação, de construção, e partiu para o campo do embate. O que é interessante é que pelo menos estão se preservando as relações entre os poderes, o que provavelmente no governo anterior não existiria”, destaca.

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