Derrite fará tour para promover gestão linha dura em projeto para 2026

São Paulo — O PP de São Paulo já começa a traçar uma estratégia para promover a imagem do atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), visando sua candidatura ao Senado em 2026 pela legenda.

A ida de Derrite para o PP já foi acertada e o ato de filiação está marcado para 8 de maio na Vila K, uma casa noturna na Vila Olímpia, bairro nobre de São Paulo.

A expectativa das lideranças do partido é de um grande evento, com a presença de toda a bancada paulista de deputados federais da sigla, além do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também será convidado.

Para 2026, a legenda aposta na agenda da segurança pública e vê em Derrite o principal nome para isso.

Segundo o presidente do diretório estadual do PP em São Paulo, o deputado federal Maurício Neves, a ideia é promover a partir do segundo semestre fóruns de discussão sobre o tema, tendo Derrite como principal palestrante. O objetivo é fazer ao menos um evento na capital e outros em cidades importantes do interior, como Ribeirão Preto.

“Vamos chamar estudiosos para debater o assunto. Acreditamos que será o tema da eleição do ano que vem. Nossa intenção é ser protagonista de algum avanço no endurecimento da lei. E isso com a liderança do Derrite. Ele tem todo o conhecimento, os números. Quando ele te faz uma explanação, é muito convincente”, afirmou Neves ao Metrópoles.

De acordo com o parlamentar, pesquisas internas feitas pelo partido desde o fim das eleições municipais apontam que a segurança é a principal preocupação da população, ultrapassando a saúde, tema que historicamente lidera este tipo de levantamento.

Em discursos e entrevistas, o secretário costuma exaltar melhoras em alguns índices criminais, como roubos e furtos. A gestão Derrite à frente da segurança pública em São Paulo é marcada pela adoção do discurso linha dura e também pelo aumento da letalidade policial.

Em 2024, a Polícia Militar paulista matou 760 pessoas, número 65% maior do que o total registrado em 2023, marcando a volta do crescimento da letalidade policial no estado, depois de um movimento de queda que teve início em 2021. Os dados são do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Além da violência policial, denúncias de corrupção contra delegados da Polícia Civil, surgidas após o caso Gritzbach, e acusações de uso irregular de aeronaves da PM para o transporte de amigos e familiares são vistos como possíveis ameaças aos planos políticos de Derrite.

O Metrópoles mostrou que o governo Tarcísio pretende enviar à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um pacote de projetos voltados a melhorias na carreira de policiais militares e civis, o que também deve servir como vitrine para a candidatura de Derrite em 2026, de acordo com aliados.

O PP também pretende pressionar que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), paute ainda neste ano projetos de lei que visam o endurecimento da Lei de Execução Penal, como limitação das audiências de custódia e das regras de progressão de pena.

Federação com União

Além das costuras envolvendo a candidatura de Derrite, o PP foca neste momento nas conversas com o União Brasil para a formação de uma federação. Segundo Neves, o movimento já conta com o apoio do partido, que aguarda a batida de martelo pelo União. A expectativa é que o acordo seja feito até o final do mês.

O Metrópoles apurou que a federação ainda não foi selada devido a resistências de algumas lideranças do União mais ligadas ao governo Lula. Nesta semana, a relação entre a sigla e o governo federal ficou estremecida após o deputado Pedro Lucas, líder do União na Câmara, recusar o convite para ser ministro das Comunicações.

Atualmente, a cota do União Brasil no governo é de três ministérios: Comunicações, Integração e Desenvolvimento Regional e Turismo. Caso a federação com o PP se concretize, no entanto, a tendência é que a legenda não apoie a reeleição de Lula em 2026 e encampe um projeto de oposição ao petista.

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