Empresa do consórcio do Rei do Lixo na BA pode assumir varrição em SP

São Paulo — Uma empresa que integra um consórcio em Salvador (BA) formado pelo empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo e alvo de investigação da Polícia Federal (PF), pode assumir parte do serviço de varrição da Prefeitura de São Paulo.

A empresa Limp City faz parte do consórcio Ecosal, que atua no setor de limpeza urbana da capital baiana e tem como empresa parceira a MM Limpeza Urbana, que pertence à Moura.

Em São Paulo, a Limp City fez a proposta de menor preço para um dos 11 lotes da licitação de varrição de rua da capital, voltado à limpeza nos bairros Ipiranga, Cidade Ademar e Jabaquara, na zona sul.

A empresa ofertou R$ 9 milhões por mês, o que corresponde a um total de R$ 325 milhões ao longo de 36 meses de contrato. A licitação ainda está em fase de julgamento pela prefeitura.

Procurada, a empresa afirmou ao Metrópoles que ofertou o “maior percentual de desconto dentre todos os demais lotes (18,82%), resultando em economia para a administração pública nos 36 meses previstos em relação as propostas apresentadas pelas demais concorrentes participantes do certame”.

A empresa afirma que dentre diversos contratos que possui, atendendo 1,7 milhão de habitantes, participa apenas de “um único consórcio na cidade de Salvador, juntamente com as empresas Jotagê Engenharia (empresa líder) e Torre Engenharia, além da MM Limpeza Urbana”. “Portanto, não existe nenhuma vinculação do consórcio acima com a contratação da varrição de São Paulo”, diz a empresa.

A companhia, sediada na Bahia, tem um capital social de R$ 27 milhões e está em nome de Marcelo Adorno Farias, segundo a Receita Federal. A equipe de Moura também afirmou anteriormente ao Metrópoles que ele não possui gerência sobre a Limp City e que o consórcio é válido apenas em Salvador.

Contratos na Bahia

José Marcos de Moura faz parte da cúpula do União Brasil, partido que é alvo da Polícia Federal (PF) na Operação Overclean, sob suspeita de desvios de recursos de emendas parlamentares. Informações coletadas pela investigação apontam que o Rei do Lixo fez R$ 80 milhões em transações suspeitas.

Segundo informação enviada à PF pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), uma delas envolve um repasse de R$ 435 mil para uma pessoa com foro privilegiado, cuja identidade ainda não foi revelada — a investigação está em sigilo. A origem da transação nesse caso é a MM Limpeza, empresa de Moura.

Recentemente, o Metrópoles noticiou que a Limp City fechou contrato de R$ 50 milhões sem licitação para cuidar da limpeza urbana de Eunápolis, cidade de 100 mil habitantes localizada ao sul da Bahia, durante a gestão do União Brasil.

Destaque nas obras emergenciais

Outra empresa que fez a proposta de menor preço na licitação da varrição de São Paulo, ainda em fase de julgamento, é a FFL Sinalização, que esteve nos holofotes durante a campanha eleitoral de 2024 devido a contratos emergenciais com a Prefeitura paulistana, que somavam R$ 624 milhões desde 2021. O assunto ganhou destaque devido ao aumento deste tipo de contrato na gestão Ricardo Nunes (MDB).

Fernando Marsiarelli, dono da FFL, também é proprietário da empresa dona de um apartamento de luxo onde o prefeito Ricardo Nunes morou por quatro meses em 2022. No site da Receita Federal, a principal atividade econômica da empresa é de pintura para sinalização em pistas rodoviárias e aeroportos, além de serviços de engenharia.

Por meio de nota, a FFL afirmou que está participando da licitação por meio de consórcio “em conformidade com a legislação aplicável”. “A análise da documentação de habilitação, após a fase de disputa, compete exclusivamente à Coordenadoria Geral de Licitações e Contratos – COGEL”, diz a empresa.

O que diz a Prefeitura de SP

Procurada, a gestão do prefeito Ricardo Nunes afirmou que “não comenta licitações em andamento”. Segundo o governo, o processo está em “fase de análise da documentação das empresas participantes e seguiu todos os requisitos previstos na legislação vigente”.

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