Casais no crime: Investigação revela dupla vida de casais que distribuíam drogas no Vale do Sinos

Simulando passeios de moto, casais percorriam as cidades do Vale do Sinos para entregar drogas a clientes exclusivos. Essa foi a nova estratégia adotada por uma organização criminosa que, pressionada por operações anteriores, modificou sua forma de agir para tentar despistar a polícia.

A fachada de relacionamentos comuns escondia, na verdade, um esquema de teleentrega de cocaína e maconha. “O uso de mulheres – especialmente jovens e mães – visa burlar a vigilância policial, aproveitando-se de estereótipos sociais que as tornam menos suspeitas”, pontua o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior.

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A tática foi identificada ao longo de meses de investigação, que culminaram nesta quinta-feira (24) com a terceira fase da operação El Patron. Para confirmar o novo modus operandi, agentes da Polícia Civil se infiltraram no esquema, com autorização judicial, se passando por usuários e registrando entregas feitas pelos casais em vídeo.

A operação resultou no cumprimento de 9 mandados de prisão preventiva e 16 ordens de busca e apreensão em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Esteio e Campo Bom. Cerca de 100 policiais civis e 50 viaturas participaram da ofensiva.

A ação é conduzida pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo.

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Esquema expandiu na cadeia depois que líder foi preso

A nova fase da operação El Patron revela a reestruturação do esquema de tele-entrega de drogas a partir da prisão do líder do grupo, que agora comanda os negócios de dentro da cadeia.

Preso preventivamente na Penitenciária Estadual do Jacuí, o homem passou a manter relações com traficantes de maior expressão, com quem buscou ampliar sua rede de atuação. Além do Vale do Sinos, passou a agir também no litoral norte e em Porto Alegre.

Segundo a Draco, além da comercialização de maconha e cocaína, a facção passou a incluir drogas sintéticas, como o ecstasy, em seu portfólio. Também foram identificadas práticas como agiotagem e sorteios de “combos” de entorpecentes.

“A operação evidencia uma realidade preocupante: o sistema prisional, em vez de interromper as atividades criminosas, tem servido como base estratégica para a expansão de facções. Presos mantêm o comando de esquemas fora das grades, e integrantes de menor expressão, ao passarem pelo presídio, se conectam a redes maiores, saindo ainda mais estruturados para o crime”, avalia o delegado.

Outra transformação ocorrida a partir da prisão preventiva do líder, e que confirma as novas conexões na cadeia, é que o grupo passou a usar o nome “El Patrón”, que antes levava o nome de “Tele do Papaizinho”. A troca de nome, para a Polícia, simboliza o processo de ressignificar uma marca, que agora têm atuação ampliada e maior organização.