Saiba quanto de carne é possível comer sem comprometer o planeta

Comer carne faz parte da rotina alimentar de grande parte da população. Porém, a criação de gado como é feita hoje é considerada uma das grandes responsáveis pelo agravamento do efeito estufa. Na busca pelo equilíbrio, qual é a quantidade que podemos consumir sem sobrecarregar o planeta? Foi essa pergunta que guiou uma equipe de cientistas ambientais, que decidiu calcular o limite semanal de carne compatível com a saúde da Terra.

A pesquisa, publicada na última segunda-feira (21/4) na revista Nature Food, foi conduzida por especialistas da Universidade Técnica da Dinamarca. A ideia era transformar o conceito genérico de “reduzir o consumo de carne” em uma recomendação prática, algo que pudesse ser usado por consumidores comuns no dia a dia.

“A maioria das pessoas agora percebe que devemos comer menos carne por razões ambientais e de saúde. Mas é difícil entender o quanto ‘menos’ significa’. Nosso cálculo oferece um número concreto que pode ser levado em conta na hora de fazer compras”, afirmou a pesquisadora Caroline Gebara, principal autora do estudo, em comunicado.

Carne vermelha fora do cardápio sustentável

O número definido pelos pesquisadores foi 255 gramas por semana de carnes como frango ou porco — a quantidada é equivalente a dois peitos de frango. Carnes vermelhas, como de boi e cordeiro, ficaram fora da recomendação por causa do impacto ambiental mais alto.

Segundo os autores, a criação de ruminantes como vacas, ovelhas e cabras, que fermentam os alimentos no estômago antes da digestão completa, exige grandes áreas de terra e contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa, como metano e óxido nitroso, que são muito mais potentes que o dióxido de carbono.

“Mesmo quantidades moderadas de carne vermelha são incompatíveis com o que o planeta consegue regenerar em recursos”, afirma Gebara.

Um modelo baseado em limites reais

O estudo combinou dados de saúde nutricional e de sustentabilidade planetária para estabelecer uma dieta que respeite ao mesmo tempo o corpo humano e o meio ambiente. Os cientistas analisaram 32 requisitos nutricionais e vários indicadores ambientais, como uso de solo, emissão de gases e consumo de água.

O modelo se baseia em dados dos Estados Unidos e foca em países de alta renda, mas os autores afirmam que os princípios podem ser adaptados a outras regiões. Eles também reconhecem que fatores como preço, acesso aos alimentos e cultura alimentar não foram considerados.

“Alcançar dietas verdadeiramente sustentáveis exige disponibilidade universal, o que depende de políticas públicas em todos os níveis”, escreveram os pesquisadores.

Os pesquisadores afirmam que é possível manter uma alimentação saudável e prazerosa sem ultrapassar os limites do planeta, desde que o consumo de carne, especialmente a vermelha, seja moderado.

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