O que é o BTC Yield, como funciona e qual seu valor intrínseco?

O termo “BTC Yield” (ou “rendimento de Bitcoin“) ganhou destaque no mercado financeiro. Especialmente após casos como o da Cantor Equity Partners, Inc. (CEP), que viu suas ações dispararem 90,85% em um único dia.

Mas o que exatamente é o BTC Yield, como ele funciona e qual é o seu valor intrínseco para empresas e investidores? Não é mais apenas uma narrativa, mas sim uma nova forma de valuation de uma empresa, e que pode explodir a cabeça dos analistas do mercado financeiro tradicional.

O que é o BTC Yield?

O BTC Yield é uma métrica financeira estratégica da qual empresas que decidem integrar o Bitcoin (BTC) em suas reservas de tesouraria usam em seus relatórios financeiros. A princípio, o objetivo da estratégia e aumentar o número de Bitcoins por ação ao longo do tempo.

A popularização da métrica foi graças à Strategy (anteriormente MicroStrategy), uma empresa de software que, desde 2020, começou a converter parte de seu caixa em Bitcoin, transformando-se em uma das maiores detentoras corporativas da criptomoeda.

A ideia central do BTC Yield é tratar o Bitcoin como um ativo de reserva de valor, similar ao ouro. Mas com potencial de valorização muito maior. O truque aqui é usar esse ativo para gerar “rendimento” para os acionistas, mesmo que indiretamente.

E na prática?

Formalmente, o BTC Yield é definido como o crescimento percentual no número de Bitcoins por ação em um determinado período. Geralmente medido anualmente.

Por exemplo, se uma empresa possui 100 mil ações e 10 mil Bitcoins no início do ano, isso equivale a 0,1 BTC por ação.

Se, ao final do ano, a empresa aumenta suas reservas para 12 mil Bitcoins sem emitir novas ações, o número de Bitcoins por ação sobe para 0,12 BTC. Ou seja, um “yield” de 20%.

A estratégia é particularmente atraente em um contexto de alta no preço do Bitcoin. Empresas como a MicroStrategy, Mara Holdings e, mais recentemente, a Cantor Equity Partners, utilizam o BTC Yield para se posicionar como “proxies” do Bitcoin no mercado de ações.

Em outras palavras, suas ações passam a refletir diretamente a valorização da criptomoeda, atraindo investidores que querem exposição ao BTC sem comprá-lo diretamente.

Como o BTC Yield funciona? Primeiro passo é comprar

O funcionamento do BTC Yield envolve uma combinação de estratégias financeiras e operacionais que permitem às empresas acumular mais Bitcoins ao longo do tempo.

Primeiro, acontece a conversão de caixa em Bitcoin. A empresa começa convertendo parte de seu caixa (ou reservas financeiras) em Bitcoin. Esse processo pode ser feito de forma direta, comprando BTC em exchanges, ou por meio de parcerias com empresas de criptomoedas. Como no caso da CEP, que está se fundindo com a Twenty One Capital, uma companhia apoiada pela Tether e pela Bitfinex.

Em seguida, há o financiamento para aquisição de mais Bitcoins. Nesta etapa a missão é aumentar suas reservas de Bitcoin sem depender apenas de lucros operacionais.

Para tal, as empresas frequentemente recorrem a instrumentos financeiros, como vender novas ações para levantar capital e comprar mais Bitcoins. Ou ainda tomar empréstimos (geralmente a juros baixos) e usar os fundos para adquirir BTC.

A Strategy, por exemplo, emitiu bilhões de dólares em títulos de dívida conversíveis para financiar suas compras de Bitcoin.

Ou ainda, como no caso da CEP, existe a opção da fusão com uma empresa que já possui exposição significativa ao Bitcoin (como a Twenty One Capital, com US$ 4 bilhões em BTC). O movimento pode aumentar rapidamente as reservas.

Segundo passo: não vender

Após a aquisição de Bitcoin por operações como estas, a empresa faz a manutenção das reservas de Bitcoin. Portanto, em vez de vender os Bitcoins para financiar operações ou pagar dívidas, a empresa os mantém em carteira. A aposta é na valorização de longo prazo da criptomoeda.

A abordagem é conhecida como “HODLing” (termo vindo do jargão cripto que significa “hold on for dear life”, ou “segurar com força”). Por fim, o cálculo da métrica, comparando o número de Bitcoins por ação em dois momentos distintos. A fórmula básica é:

métrica BTC Yield fórmula

Por exemplo, a MicroStrategy reportou um BTC Yield de 17% em 2024. O que significa que o número de Bitcoins por ação cresceu 17% naquele ano, mesmo com a volatilidade do mercado.

Como o Bitcoin tem apresentado uma valorização significativa ao longo dos anos (atingindo cerca de US$ 94.000 neste mês), o aumento das reservas de BTC por ação faz com que o valor patrimonial da empresa suba.

Isso, por sua vez, atrai investidores que veem a empresa como uma forma de se expor ao Bitcoin sem os riscos de custódia ou regulação associados à compra direta da criptomoeda.

No caso da Cantor Equity Partners, a expectativa de que a fusão com a Twenty One Capital aumentaria suas reservas de Bitcoin para níveis significativos foi o gatilho para a alta de 90,85% nas ações. O mercado precificou a CEP como uma aposta direta na valorização do Bitcoin, e os investidores responderam com entusiasmo.

BTC Yield é uma métrica válida?

O BTC Yield é uma métrica inovadora que conecta o mundo das criptomoedas ao mercado de ações tradicional. Desse modo, oferecendo às empresas uma forma de se beneficiar da valorização do Bitcoin enquanto atraem investidores especulativos.

Seu valor intrínseco está diretamente ligado à percepção de que o Bitcoin é um ativo com potencial de crescimento no longo prazo, devido à sua escassez, adoção crescente e papel como reserva de valor.

No entanto, o BTC Yield não é uma estratégia isenta de riscos. A volatilidade do Bitcoin, o endividamento das empresas e possíveis mudanças regulatórias são fatores que podem impactar negativamente seu valor.

Para investidores, o BTC Yield representa uma aposta de alto risco e alta recompensa: se o Bitcoin continuar a se valorizar, empresas como a Cantor Equity Partners e a MicroStrategy podem oferecer retornos extraordinários.

Mas, como em qualquer investimento, é crucial avaliar os riscos e entender que o valor intrínseco dessa métrica depende, em última análise, da confiança no futuro do Bitcoin como ativo global.

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