HÁ VINTE ANOS – Atravessou a rua para pisar na casca de banana

Cabe ao ministro das Relações Exteriores de um país considerar ilegal a deposição do presidente da República de outro país sem que isso configure um ato de intromissão em assunto alheio?

Foi o que fez ontem o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores. A propósito da queda do companheiro Lucio Gutiérrez, ex-presidente do Equador, Amorim disse:

– A análise que faço é que (a deposição) não foi de acordo com o texto da Constituição. O que vou dizer não justifica o que aconteceu, mas serve para contextualizar. Havia uma fragilidade e um enfraquecimento constitucional no Equador que, de certo modo, facilitou para que tudo isso acontecesse.

Como reagiríamos se o ministro das Relações Exteriores de outro país tivesse dito que considerava ilegal a queda do ex-presidente Fernando Collor? Collor renunciou ao mandato antes que o Senado o casasse. Mesmo assim foi cassado pelo Senado.

Mais tarde, o Supremo Tribunal Federal absolveu-o de acusações que julgou improcedentes. Ou que não foram provadas no âmbito de uma peça de acusação mal feita, cheia de buracos.

Diplomata experiente e talentoso, Amorim pisou feio na bola.

 

(Publicado aqui em 25 de abril de 2005)

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