Ocupação de mulheres vítimas de violência sofre tentativa de demolição

São Paulo — Uma ocupação destinada a mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade, chamada Casa Laudelina de Campos Melo, no bairro do Canindé, no centro de São Paulo, sofreu uma tentativa de demolição na última quinta-feira (24/4), conforme denúncia do Movimento de Mulheres Olga Benario (MMOB), que administra o local.

De acordo com o movimento, a tentativa de demolição, feita supostamente pelo proprietário do terreno, é ilegal. Isso porque uma decisão da Justiça de dezembro do ano passado suspendeu a ação movida contra a ocupação.

5 imagens

Membros do Movimento de Mulheres Olga Benario atribuem tentativa de demolição à empresa que arrematou terreno em leilão.

Mesmo com arremate, Justiça suspendeu tentativas de reintegração de posse no local.
Ocupação já acolheu mais de 10 mil mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade.
Lideranças do Movimento de Mulheres Olga Benario repudiaram tentativa de demolição da Casa Laudelina.
1 de 5

Endereço onde fica a Casa Laudelina está em disputa judicial.

Movimento de Mulheres Olga Benario

2 de 5

Membros do Movimento de Mulheres Olga Benario atribuem tentativa de demolição à empresa que arrematou terreno em leilão.

Movimento de Mulheres Olga Benario

3 de 5

Mesmo com arremate, Justiça suspendeu tentativas de reintegração de posse no local.

Movimento de Mulheres Olga Benario

4 de 5

Ocupação já acolheu mais de 10 mil mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade.

Movimento de Mulheres Olga Benario

5 de 5

Lideranças do Movimento de Mulheres Olga Benario repudiaram tentativa de demolição da Casa Laudelina.

Movimento de Mulheres Olga Benario

“Quebraram e retiraram todo o telhado, cortaram a energia elétrica e água da ocupação, retiraram as tomadas, quebraram as privadas, roubaram os chuveiros e danificaram móveis conquistados ao longo dos anos com doações e trabalho das mulheres que constroem a Casa”, diz o relato das ocupantes.


Casa já acolheu mais de 10 mil mulheres

  • A Casa Laudelina existe desde 2021 e ocupa um prédio que está vazio desde a década de 1980, segundo o movimento.
  • No local, já foram acolhidas mais de 10 mil mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade.
  • A ocupação realiza atividades de extensão com a colaboração de alunos do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e da Pontifícia Universidade Católica do estado (PUC-SP).

Repúdio

As lideranças da organização repudiaram a ação. “O que foi feito é uma atitude criminosa e violenta, é um crime não só contra a ocupação, é um crime contra as mulheres do bairro e nós vamos resistir e reconstruir a Laudelina”, afirma Júlia Soares, coordenadora nacional do MMOB.

“A quem interessa a destruição de uma Casa que acolhe mulheres vítimas de todo o tipo de violência no centro de São Paulo? Uma casa que faz isso de forma justa, organizada e voluntária? A quem interessa esse ataque em uma semana onde vieram a público casos terríveis de feminicídios aqui na cidade de São Paulo e em vários estados do país?”, questiona Marlene Goya, coordenadora da Casa.

Para Marlene, o caso é “mais uma tentativa de silenciar e intimidar as mulheres que estão dispostas a mudar sua realidade”.

Ela afirma ainda que a tentativa de demolição representa também “o avanço da especulação imobiliária e da tentativa de expulsão do povo pobre no centro de São Paulo”, “como temos visto na Favela do Moinho e em várias ocupações do centro”.

O Metrópoles contatou o proprietário da empresa que arrematou a propriedade em leilão do ano passado, que é apontado pelo MMOB como responsável pela destruição da Casa. A reportagem, no entanto, não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.