Santander corta PRIO e PetroReconcavo para neutra e mantém Petrobras como preferida

O Santander atualizou as suas estimativas para a Petrobras (PETR3;PETR4) e as empresas de exploração e produção (E&P) brasileiras sob a sua cobertura em meio à volatilidade do petróleo, incorporando também os dados mais recentes de produção e operação em seus modelos e reduzindo também suas premissas para o Brent em 2025-2026 para US$ 65 o barril (bbl).

Desta forma, o banco reiterou suas recomendação outperform (desempenho acima da média para a Petrobras (PETR4), sua preferida (top pick), e Brava (BRAV3), enquanto rebaixou PRIO (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3) de outperform para neutro.

Em sua visão, a Petrobras continua sendo a história mais resiliente no setor de Petróleo e Gás do Brasil, com potencial de valorização em relação à sua estimativa atual de dividend yield (DY, ou dividendo sobre preço das ações) de 14% para 2025, dependendo da execução do capex (investimentos em capital) em 2025.

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“O destaque do mês foi uma receita bruta muito fraca, com prêmios brutos de R$ 186 milhões, uma queda de 40% em relação ao ano anterior”, aponta o banco

Embora a geração de FCFE (Fluxo de Caixa Livre para o Patrimônio Líquido) da Brava possa ser fraca com o Brent a US$65/bbl, o Santander acredita que o preço das ações poderá ser impulsionado mais pelo seu desempenho operacional nos próximos meses do que pelo ambiente macroeconômico.

“Destacamos que a Brava é a única empresa independente de E&P dentro da nossa cobertura no Brasil que apresentou desempenho operacional positivo até o momento e a única com potenciais catalisadores micro positivos no curto prazo”, avalia o banco, que rebaixou PRIO para neutro devido a um desempenho operacional pouco inspirador e baixa visibilidade sobre o programa de trabalho da empresa para os próximos 1-2 anos, apesar de um histórico sólido e um rendimento de FCFE de cerca de 15% para 2025.

O banco também rebaixou a PetroReconcavo para neutra devido à sua expectativa de que um aumento no capex em 2025 provavelmente levará a uma redução no FCFE/dividendos (DY estimado para 2025 de cerca de 10% contra aproximadamente 14% em 2024).

O preço-alvo dos ativos das quatro companhias também foi reduzido, conforme aponta o quadro abaixo:

Companhia Ticker Moeda Recomendação Novo preço-alvo Preço-alvo anterior Fechamento anterior Potencial de valorização Dividend Yield(%) Potencial total (%)
Brava BRAV3 BZ BRL Outperform 25.00 30.00 18.74 33% 0% 33%
Petrobras PBR US USD Outperform 15.00 17.00 11.42 31% 14% 45%
PetroReconavo RECV3 BZ BRL Neutral 14.80 22.00 14.00 6% 10% 16%
PRIO PRIO3 BZ BRL Neutral 40.00 61.00 34.51 16% 3% 19%

Confira a visão do Santander para as ações:

Petrobras (outperform, Preço-alvo de US$ 15 para os ADRs, ou recibo de ações PBR): o banco acredita que um sólido desempenho operacional e um dividend yield atual atraente (que pode aumentar, dependendo do capex em 2025) justificam sua recomendação.

O banco espera que o momento operacional da Petrobras continue melhorando no 1S25, o que deve se traduzir em um crescimento da produção de petróleo de aproximadamente 8% ano a ano em 2025 e apoiar um dividend yield de cerca de 14%. Embora esperere um rendimento de FCFE modesto de cerca de 8% para 2025, vê riscos de alta para suas estimativas, dado (i) a parte de capex não monetário na orientação de capex de US$18,5 bilhões e (ii) a fraqueza do real em relação à meta de R$ 5,00 no orçamento da Petrobras.

“Se assumirmos uma parte não monetária para o capex estimado de 2025 de US$ 4,5 bilhões (contra nosso caso base de US$ 3,5 bilhões), estimamos um yield de FCFE da PBR em cerca de 12% (com Brent a US$ 65/bbl) e um dividend yield de cerca de 16% para 2025. Em um cenário mais negativo — assumindo Brent a US$ 55/bbl, um dólar a R$ 5,00 e apenas US $2 bilhões em capex monetário, o dividend yield estimado para 2025 seria de cerca de 6%”, aponta. Assim, continua a ver uma assimetria positiva para a Petrobras, pois acredita que o dividend yield estimado para 2025 (ordinário + extraordinário) é mais provável de ficar entre 10-15% do que em um nível de dígito único alto.

PRIO (recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 40,00): o Santander acredita que a PRIO apresenta uma perspectiva de desempenho pouco inspiradora e carece de visibilidade sobre seu programa de trabalho para os próximos 1-2 anos.

“Esperamos que 2025 seja um ano de transição para a PRIO, principalmente devido aos atrasos sequenciais na licença ambiental, que, juntamente com um esgotamento maior do que o esperado, provavelmente afetará a produção em 2025 e 2026. Esperamos um custo de extração ligeiramente mais alto no futuro, também afetado pela consolidação do Peregrino, cujo petróleo sofre um desconto maior em relação ao Brent”, aponta o banco.

A expectativa é por margens em dólar por barril equivalente mais fracas, somadas a um aumento no capex em 2025 (relacionado à perfuração do Wahoo, que já começou) que devem limitar o rendimento de FCFE a cerca de 12%, enquanto suas estimativas atualizadas de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2025-27 estão cerca de 22% abaixo do consenso.

Em termos de alocação de capital, espera que a PRIO continue recomprando ações, mas potencialmente a um ritmo um pouco mais lento, dada sua alavancagem (estima 1,5 vez de dívida líquida/Ebitda ao final de 2025, com Brent a US$ 65/bbl) e potenciais aquisições. “Apesar do sólido histórico da PRIO em campos maduros e do potencial de geração de fluxo de caixa de seu portfólio, a baixa visibilidade sobre seu programa de trabalho para os próximos 1-2 anos e a consequente falta de confiança em nossas próprias estimativas de ganhos nos levam a rebaixar a PRIO para neutro”, aponta o banco.

Brava (outperform, com preço-alvo de R$ 25,00): Mesmo com um intervalo de preço do Brent de US$60-70/bbl, o Santander acredita que o preço das ações da Brava será principalmente impulsionado por seu desempenho operacional nos próximos meses. A Brava é neutra em FCFE com o Brent a US$70/bbl e apresenta um FCFE negativo de cerca de US$ 200 milhões com o Brent a US$60/bbl.

Também prevê que a produção aumente para cerca de 85-90 mil barris equivalentes de petróleo por dia (kboed) em relação ao nível acumulado até agora de cerca de 70-75 kboed, com base em (i) conexão dos quatro últimos poços em Atlanta, dos quais dois já foram conectados no início de abril; (ii) melhorias marginais em Papa-Terra, devido à melhor eficiência dos equipamentos de processamento de gás; (iii) melhorias marginais em Potiguar devido ao aumento da injeção de vapor em alguns campos de petróleo pesado; e (iv) a eventual retomada da produção de gás em Manati. No total, espera que a Brava possa alcançar cerca de 1,5 vez o múltiplo de dívida líquida e Ebitda ao final de 2025, o que pode apoiar uma geração robusta de FCFE e pagamentos de dividendos em 2026.

PetroReconcavo (recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 14,80): o banco acredita que os índices de dividend yield e FCFF (Fluxo de Caixa Livre para a Firma) da RECV3 para 2025 não são muito atraentes.

“Embora continuemos a ver a PetroReconcavo como um operador de referência no setor e esperemos uma melhoria gradual na produção ao longo de 2025, acreditamos que o FCFE estimado para 2025 será menor em relação ao ano anterior, devido ao aumento do capex e pagamentos relacionados a fusões e aquisições (joint venture NGPU Guamaré e pagamentos parcelados de aquisições anteriores)”, avalia o Santander.

O banco espera que a PetroReconcavo gere um FCFE negativo de cerca de US$ 50 milhões em 2025, embora a alavancagem do capex relacionado ao midstream (etapa intermediária do processo de produção de petróleo e gás, que engloba a infraestrutura de transporte e armazenamento desses produtos) possa levar o FCFE para o território positivo.

No que diz respeito à operação, espera que a RECV3 acelere as perfurações na Bahia e em Potiguar, com foco particular nos campos de Tie, Biriba, Miranga e Sabiá, o que pode permitir que a empresa alcance cerca de 30 mil barris (kboed) no 4T25/2026. No entanto, com expectativas de um dividend yield de cerca de 10% (inferior ao do ano passado) e a falta de catalisadores significativos para as ações.

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