Novo inquérito vai apurar se Maicol agiu sozinho na morte de Vitória

São Paulo — A Polícia Civil de São Paulo deve instaurar um novo inquérito para apurar o envolvimento de um segundo suspeito na ocultação do cadáver da adolescente Vitória Regina (foto em destaque), de 17 anos, assassinada de forma brutal no dia 26 de fevereiro.

O relatório de investigação obtido pelo Metrópoles menciona a presença de um material genético na porta traseira direita, que difere do material genético da menina e de Maicol Antonio Sales dos Santos, apontado como autor do crime.

Maicol foi denunciado nesta terça-feira (29/4) por quatro crimes: sequestro qualificado, feminicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, por tentar ocultar provas. Em entrevista coletiva, o promotor Jandir Moura Torres Neto, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou que não há dúvidas de que o suspeito agiu sozinho no homicídio, mas pode ter tido ajuda de outra pessoa para esconder o corpo.

“Foi feito um pedido para que seja instaurado um novo inquérito policial, em relação ao crime de ocultação de cadáver. Por quê? Durante a investigação houve indícios de que, para essa conduta, o Maicol pode ter tido a participação de outra pessoa. Então apenas em relação a esse crime, foi pedido outra autorização judicial para que seja instaurado um inquérito separado para que seja verificado as condições específicas à ocultação de cadáver”, afirma Jandir.

Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi encontrada morta na tarde do dia 5 de março, em uma área rural de Cajamar, na Grande São Paulo, após ficar uma semana desaparecida. O corpo tinha as marcas de três perfurações estava sem cabelos.


A morte de Vitória

  • Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi encontrada assassinada na tarde do dia 5 de março, em uma área rural de Cajamar, na Grande São Paulo. Ela estava desaparecida desde o dia 26 de fevereiro, quando voltava do trabalho.
  • Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o corpo estava em avançado estado de decomposição. A família reconheceu o corpo por conta das tatuagens no braço e na perna e um piercing no umbigo.
  • Imagens de câmeras de segurança mostram a jovem chegando a um ponto de ônibus no dia 26 de fevereiro e, posteriormente, entrando no transporte público. Antes de entrar no coletivo, a adolescente enviou áudios para uma amiga nos quais relatou a abordagem de homens suspeitos em um carro, enquanto ela estava no ponto de ônibus.
  • Nos prints da conversa, a adolescente afirma que outros dois homens estavam no mesmo ponto de ônibus e que lhe causavam medo. Em seguida, ela entra no ônibus e diz que os dois subiram junto com ela no transporte público — e um deles sentou atrás dela.
  • Por fim, Vitória desce do transporte público e caminha em direção a sua casa, em uma área rural de Cajamar. No caminho, ela enviou um último áudio para a amiga, dizendo que os dois não haviam descido junto com ela. “Tá de boaça”. Foi o último sinal de Vitória com vida.

Durante as investigações, a polícia aventou a possibilidade de que esse fosse um sinal de tortura orquestrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Para o promotor, a cabeça raspada pode, na verdade, ter relação com o fato de o corpo ter sido retirado do local onde havia sido inicialmente deixado por Maicol. O transporte do corpo já em decomposição, segundo ele, pode ter acelerado o processo e causado o desprendimento do couro cabeludo.

Além da denúncia apresentada contra Maicol nesta terça-feira, o MPSP também representou pela prisão preventiva do suspeito, que se encontra detido desde 8 de março.

“A Vitória não fez rigorosamente nada para que se chegasse a esse resultado, ao que aconteceu. Ela foi uma adolescente como outra qualquer, que postava as fotos demonstrando sua felicidade, os momentos que ela estava vivendo, nas redes sociais”, disse Jandir.

3º material biológico

O laudo técnico citado no relatório de investigação menciona que o material genético referente à terceira pessoa que esteve no carro seria do sexo masculino.

“Sendo certo que pertenceria a um indivíduo qualquer, sem vinculação genética a Maicol e Vitória”, diz trecho do relatório.

Na entrevista coletiva, o delegado de Cajamar, Fabio Cenachi, afirma que, apesar disso, não é possível afirmar que um terceiro indivíduo teria participado do crime.

“Na placa lateral do banco traseiro, havia uma pequena porção de material genético masculino. Por isso é que vamos instaurar um novo inquérito a esse respeito. Porque naquela pequena porção, por si só, não é possível que você associe a participação de um terceiro indivíduo na ocultação do cadáver. Ela é factível pela presença do material”, diz Cenachi.

“Esse material genético que foi identificado no carro, masculino, sem identificação, pode ser de alguém que participou, ou pode ser de alguém que andou no carro do Maicol. Porque o Maicol ficou com o carro desde o desaparecimento até o momento em que o carro foi apreendido”, acrescenta o promotor Jandir Moura Torres Neto.

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