Turismo global desaprova 100 primeiros dias do segundo mandato de Trump, aponta pesquisa

Donaldson Trump, presidente dos EUA (Divulgação/Library of Congress)

SÃO PAULO – Os primeiros 100 dias do segundo mandato de Donald Trump geraram insegurança entre líderes do setor global de turismo, segundo levantamento realizado pela plataforma Skift e divulgado nesta terça-feira (29). A pesquisa, que ouviu 63 executivos da indústria, incluindo 24 CEOs, apontou que 60,3% das respostas foram negativas, 22,2% neutras e apenas 17,5% positivas em relação ao impacto da atual administração norte-americana.

A Skift repetiu uma consulta feita anteriormente, em dezembro de 2024, quando os mesmos perfis de profissionais foram convidados a responder, em até três palavras, o que esperavam da gestão Trump 2.0. Na época, a maioria previa um estímulo à economia e efeitos favoráveis para o turismo. Cem dias depois da posse, o tom das respostas mudou, refletindo frustração com os rumos do governo.

A palavra mais recorrente na nova rodada foi “uncertainty” (“incerteza”). Para uma indústria baseada em planejamento com meses de antecedência — como reservas, investimentos e contratações —, a falta de previsibilidade é apontada como um fator de risco.

Os participantes representam empresas de diversos segmentos, como companhias aéreas, operadoras de turismo, redes hoteleiras e plataformas de tecnologia. Muitos destacaram que as políticas internas dos Estados Unidos e o discurso adotado pela Casa Branca geram desconforto em mercados internacionais e prejudicam a imagem do país como destino turístico.

Embora o levantamento atual não seja idêntico ao anterior em termos metodológicos, a comparação permite observar uma reversão de expectativas. O que era visto como uma oportunidade para o crescimento do setor passou a ser encarado como uma ameaça à estabilidade e à demanda futura.

O resultado da pesquisa serve como termômetro para o mercado e indica que, apesar das promessas econômicas, o segundo mandato de Trump tem criado obstáculos reputacionais para os Estados Unidos no cenário global de viagens.