Caso Vitória: Justiça converte prisão de único suspeito em preventiva

São Paulo — O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) converteu em preventiva nesta quarta-feira (30/4) a prisão de Maicol Antonio Sales dos Santos, único suspeito de ter matado a adolescente Vitória Regina, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo.

A corte ainda afirmou em nota que recebeu na última terça-feira (29/4) a denúncia feita pelo Ministério Público (MPSP) a respeito do caso. No documento, a promotoria acusa o principal suspeito de assassinar a adolescente de sequestro qualificado, feminicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.

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Polícia de Cajamar prendeu dono de Corolla  supostamente envolvido no desaparecimento da jovem Vitória

Homem é preso por investigadores que apuram o assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos
Jovem desapareceu em Cajamar, na região metropolitana de SP
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Vitória Regina de Souza, de 17 anos

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Polícia de Cajamar prendeu dono de Corolla supostamente envolvido no desaparecimento da jovem Vitória

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Homem é preso por investigadores que apuram o assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos

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Jovem desapareceu em Cajamar, na região metropolitana de SP

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Corpo de Vitória Regina de Souza, 17, foi encontrado com sinais de tortura e decapitado em Cajamar (SP). Polícia ouviu 14 pessoas envolvidas

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Vitória Regina

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Maicol (de verde) confessando crime

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Para os promotores, Maicol agiu “com menosprezo à condição de mulher” e a morte foi provocada por meio cruel.

“A morte da vítima deu-se com menosprezo à condição de mulher, vez que a ofendida foi tratada apenas como objeto de satisfação de um desejo. O feminicídio foi praticado por motivo fútil, consistente em não aceitar a não submissão de Vitória à vontade do denunciado”, diz trecho da denúncia.

“A morte foi provocada com meio cruel, qual seja, hemorragia traumática após a submissão de Vitória a toda a situação que fez com que ela morresse por não ceder ao fim libidinoso perseguido pelo denunciado. O feminicídio foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, já que ela teve a liberdade restrita e permaneceu sob o jugo do denunciado, que empunhava uma faca. Por fim, o feminicídio foi realizado para assegurar a ocultação e impunidade do crime de sequestro”, acrescentam os promotores.

Em um coletiva de imprensa realizada na manhã da última terça, o promotor Jandir Moura Torres Neto, que assina o documento, afirmou que Vitória morreu simplesmente por ser mulher.

“A Vitória não fez rigorosamente nada para que se chegasse a esse resultado, ao que aconteceu. Ela foi uma adolescente como outra qualquer, que postava as fotos demonstrando sua felicidade, os momentos que ela estava vivendo, nas redes sociais”, disse.

2º suspeito

O Ministério Público ainda solicitou que seja instaurada uma nova investigação para apurar a possível participação de uma segunda pessoa no crime de ocultação de cadáver. O relatório de investigação obtido pelo Metrópoles menciona a presença de um material genético na porta traseira direita, que difere do material genético da menina e de Maicol Alexandre, apontado como autor do crime.

“Foi feito um pedido para que seja instaurado um novo inquérito policial, em relação ao crime de ocultação de cadáver. Por quê? Durante a investigação houve indícios de que, para essa conduta, o Maicol pode ter tido a participação de outra pessoa. Então apenas em relação a esse crime, foi pedido na cota autorização judicial para que seja instaurado um inquérito separado para que seja verificado as condições específicas à ocultação de cadáver”, afirma o promotor Jandir.

O delegado de Cajamar, Fabio Cenachi, afirma que, apesar disso, não é possível afirmar que um outro indivíduo teria participado do crime.

“Na placa lateral do banco traseiro, havia uma pequena porção de material genético masculino. Por isso é que vamos instaurar um novo inquérito a esse respeito. Porque naquela pequena porção, por si só, não é possível que você associe a participação de um terceiro indivíduo na ocultação do cadáver. Ela é factível pela presença do material”, diz Cenachi.


A morte de Vitória

  • Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi encontrada assassinada na tarde do dia 5 de março, em uma área rural de Cajamar, na Grande São Paulo. Ela estava desaparecida desde o dia 26 de fevereiro, quando voltava do trabalho.
  • Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o corpo estava em avançado estado de decomposição. A família reconheceu o corpo por conta das tatuagens no braço e na perna e um piercing no umbigo.
  • Imagens de câmeras de segurança mostram a jovem chegando a um ponto de ônibus no dia 26 de fevereiro e, posteriormente, entrando no transporte público. Antes de entrar no coletivo, a adolescente enviou áudios para uma amiga nos quais relatou a abordagem de homens suspeitos em um carro, enquanto ela estava no ponto de ônibus.
  • Nos prints da conversa, a adolescente afirma que outros dois homens estavam no mesmo ponto de ônibus e que lhe causavam medo. Em seguida, ela entra no ônibus e diz que os dois subiram junto com ela no transporte público — e um deles sentou atrás dela.
  • Por fim, Vitória desce do transporte público e caminha em direção a sua casa, em uma área rural de Cajamar. No caminho, ela enviou um último áudio para a amiga, dizendo que os dois não haviam descido junto com ela. “Tá de boaça”. Foi o último sinal de Vitória com vida.

Único preso

Maicol está preso desde o dia 8 de março por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver, após confessar a autoria do homicídio. As investigações prosseguem na Delegacia de Cajamar para a conclusão do inquérito policial.

Laudos periciais constataram a presença do sangue de Vitória na casa do suspeito. Também foram encontradas amostras de DNA da vítima no carro dele. Vídeo obtido pelo Metrópoles mostra um trecho do depoimento. Veja:

 

 

Ainda de acordo com o documento, ela sofreu lesões fatais e morreu por hemorragia interna e externa.

Reconstituição da morte

A reconstituição da morte de Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi realizada na última quinta-feira (24/4), em Cajamar, na Grande São Paulo. A nova data, definida pela Polícia Civil, foi marcada após a anterior, que seria no dia 10 de abril, ter sido adiada por “razões técnicas”.

Maicol Antônio Santos, de 23 anos, que está preso e é o único indiciado pelo crime até o momento, não irá participar da reconstituição, por causa de uma proibição da Justiça à presença dele na diligência.

A informação sobre a reconstituição foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública. Segundo a pasta, os laudos da investigação ficaram prontos no dia 17 de abril e foram encaminhados às autoridades que atuam no caso.

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