“É claro que não daria certo”, diz desembargadora sobre aliança PCC-CV

São Paulo — Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e vice-presidente da Comissão de Segurança da corte, nunca acreditou em uma suposta aliança entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), disse em entrevista ao Metrópoles. Segundo ela, a conciliação entre os grupos a uma estratégia dos advogados das lideranças

“Ao meu sentir, isso foi uma gestão entre advogados das duas organizações criminosas, tentando vender uma versão de que as duas maiores organizações criminosas do país estavam unidas para lutar contra a opressão do sistema prisional”, afirmou.

A estratégia seria atacar o Sistema Penitenciário Federal (SPF) com o objetivo de transferir as lideranças das facções para presídios estaduais.

“Obviamente o caminho é errado, porque é lei. Tanto os juízes federais quanto os juízes estaduais cumprem requisitos de portarias, de lei especial no que tange a isso. Passados três meses, é claro que aquilo não daria certo”, destacou. Para Ivana, a trégua “até que durou muito”.

Salves das facções

O fim da breve aliança recente entre PCC e CV foi comunicada aos membros das facções por meio de “salves” encaminhados pelas lideranças em diversos estados do país. Muitas das mensagens passaram a circular nas redes sociais.

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Marcola PCC

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Marcinho VP, pai do rapper Oruam

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Marcola e Marcinho VP

Rafaela Felicciano/Metrópoles; Reprodução/TV Record

Ivana falou à reportagem que chamou sua atenção dois estados: Santa Catarina e Amazonas. No primeiro, o CV falou em “guerra”. No segundo, a facção carioca convidou integrantes do PCC para mudar de lado, “rasgando a camisa”.

Para a desembargadora, isso mostra um Comando Vermelho “muito audacioso”.


Trégua entre PCC e CV

  • PCC e CV firmaram uma trégua em fevereiro deste ano, conforme revelado pelo Metrópoles.
  • O acordo teria sido costurado desde o ano passado, após anos de uma guerra violenta que resultou em centenas de mortes dentro e fora dos presídios.
  • As facções, que já tiveram relações amistosas no passado, romperam em 2016, por conta de uma disputa territorial pela fronteira do Paraguai.
  • Elas teriam unido forças para pressionar o governo a flexibilizar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF), onde seus principais líderes estão encarcerados sob rígidas restrições.
  • Apenas dois meses depois, no entanto, a aliança chegou ao fim. “Salves” divulgado pelas facções orientam seus membros sobre proceder com o encerramento da trégua.
  • “O PCC é nosso inimigo declarado, a guerra é sem fim até a última gota de sangue. Não queremos ideia nenhuma com esta organização”, diz um comunicado divulgado pelo CV.
  • “Assim como chegamos a um consenso na aliança, o término ocorreu com respeito e humildade por ambas as partes, reconhecendo os pontos cruciais que envolvem todos os lados”, diz um “salve” do PCC.
  • O Ministério Público de São Paulo (MPSP) confirmou a autenticidade dos comunicados e apontou que eles estão sendo difundidos em diversos estados.

 

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