Cavalo Caramelo e sua rotina tranquila após a enchente

Com o pelo brilhando e 80 quilos a mais, o cavalo Caramelo desfruta de uma nova vida quase um ano depois da enchente. O animal se tornou um símbolo da resistência do povo gaúcho durante e após a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024. 

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Cavalo Caramelo e seu cuidador, Roque Hennicka, na Ulbra



Cavalo Caramelo e seu cuidador, Roque Hennicka, na Ulbra

Foto: Paulo Pires/GES

Uns dias de mais tranquilidade e outros, de agitação, correndo de um lado para o outro e usando uma capa vinho com seu nome estampado, o Caramelo passa seus dias comendo grama no campus Canoas da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), no bairro São José. Uma realidade bem diferente dos dias em que passou ilhado e quase imóvel, em cima de um telhado, no bairro Mathias Velho.

O animal vive na fazenda-escola da instituição, junto ao Hospital Veterinário, onde foi acolhido logo após o resgate, e dorme em uma baia própria. A rotina é simples, como conta o cuidador Roque Hennicka. “De manhã quando chego, ele já me conhece, e dou uma porção de alfafa e ração para ele. Termina de alimentar, de comer, e ai vai para o campo. Mais para o fim do tarde é o mesmo procedimento, ração, alfafa e vai dormir dentro da baia bem tranquilo”, descreve. 

Cuidado especial

Mas o trato com o animal nem sempre foi fácil. Acostumado a uma rotina de maus-tratos, desnutrição e abandono – conforme diagnóstico do médico veterinário Jean Carlos dos Reis Soares – o Caramelo ainda se adapta a nova realidade. E tem se saído muito bem. “O maior desafio é ele se acostumar com a gente. Ele ser criado de uma maneira, mas aos poucos vamos tirando as manias dele e dentro do possível porque não podemos judiar. Ele é um bicho inocente e sofreu bastante. Estamos procurando de botar ele nos eixo, mas dentro da paciência. Tem dias que ele está mais agitado, tem dias que é mais tranquilo. Só come e dorme”, conta o cuidador de 70 anos. 

De acordo com a instituição, o Caramelo está com todas as vacinas em dias, passou por tratamento odontológico e não precisa de acompanhamento médico específico. 

“Quando ele chegou, não podemos dar uma atenção especial para ele porque tínhamos muitos animais internados. Mais de 80 cavalos acolhidos aqui. Depois da enchente, de equinos, sobrou só ele. Mas é uma rotina boa, normal, tem aquela especialidade dele de ser famoso, de ter sido resgatado, e dele mesmo ter se esforçado para se salvar. Então, temos um cuidado um pouquinho mais especial do que com os outros”, brinca Seu Roque, como é conhecido. 

Adoção e santuário

Com as evidências de maus-tratos, a tutela temporária do Caramelo passou para Prefeitura de Canoas na época, seguindo a legislação municipal. A adoção pela Ulbra foi assinada em dezembro do ano passado junto a Secretaria Municipal de Bem-Estar Animal.

“A Ulbra decidiu abraçar a causa de adoção do Caramelo para evitar que o animal voltasse a ter uma vida de maus-tratos e porque a universidade tem todas as condições de manter o animal saudável. Além dos mais, Caramelo tornou-se um símbolo da resiliência e resistência dos gaúchos, uma espécie de herói, que necessita ter todos os cuidados que uma instituição como a Ulbra pode oferecer”, frisa o médico veterinário Henrique Cardoso que trata do animal.

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Neste período, o Caramelo virou celebridade com bichos de pelúcia, livro, chaveiros, propaganda de seriado e até premiação de Bicho do Ano, promovida pelo F5, da Folha de S. Paulo. Além disso, é muito visitado por famílias, escolas e fãs de outros estados. Segundo a universidade, o cavalo recebe muitos convites, mas somente participa de eventos institucionais. 

Mas a vida de famoso também pede descanso. Desde o ano passado, a Ulbra busca apoiadores e patrocinadores para a construção de um santuário. A proposta é uma baia fechada com um cercado para transitar livremente para ter um espaço só seu – mesmo que mantenha contato com os demais animais da fazenda e pessoas que transitam pelo campus.

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