Quem é o homem-bomba do aeroporto que reduziu pena com o Enem

O cearense Wellington Macedo de Souza, de 47 anos, ficou conhecido nacionalmente após ser apontado como um dos envolvidos na tentativa de atentado com explosivos perto do Aeroporto Internacional de Brasília, em dezembro de 2022.

Condenado a 6 anos de prisão em regime fechado, ele teve 100 dias de pena reduzidos após obter bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, feito de dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, onde cumpria pena.

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O blogueiro Wellington Macedo de Souza

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Apesar de não ter conseguido vaga em nenhuma universidade, Wellington atingiu a pontuação mínima exigida pelo Ministério da Justiça para obter o abatimento de pena: mais de 450 pontos em todas as áreas de conhecimento e mais de 500 na redação.

Ele alcançou 506,3 em Ciências da Natureza; 482,7 em Ciências Humanas; 573,1 em Linguagens; 521 em Matemática; e 560 na redação. Além do Enem, o interno teve mais quatro dias de pena abatidos por apresentar uma resenha do livro O Processo, de Franz Kafka, cuja leitura foi registrada no sistema penitenciário.

O Ministério Público se manifestou contra a concessão do benefício, sob o argumento de que Wellington havia prestado o Enem anteriormente, o que impediria o novo abatimento. No entanto, a defesa apresentou documentação que garantiu o direito à remição — mecanismo previsto pela legislação penal brasileira para reduzir a pena por meio de estudo ou trabalho.

Quem é Wellington Macedo

Natural de Sobral, no interior do Ceará, Wellington iniciou a trajetória profissional como comunicador regional. Em 2018, passou a ganhar destaque ao publicar conteúdos nas redes sociais com viés bolsonarista.

Nesse período, se envolveu em uma série de polêmicas, incluindo a veiculação de reportagens contra a educação pública de Sobral, o que resultou em pelo menos 59 ações judiciais por danos morais, movidas por diretores escolares do município.

Com o crescimento de sua audiência on-line, Wellington foi nomeado assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele ocupou um cargo comissionado entre fevereiro e outubro de 2019, sendo exonerado após se tornar alvo de investigações por incitação a atos antidemocráticos.

Condenação

A partir de 2021, passou a ser monitorado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em inquéritos que apuram a organização de manifestações violentas contra as instituições. Em setembro daquele ano, chegou a ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, acusado de promover atos antidemocráticos.

Após ser solto e colocado em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, continuou a frequentar acampamentos bolsonaristas e manteve contato com George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, também envolvidos na tentativa de ataque com bomba.

O caso que culminou em sua condenação ocorreu em 24 de dezembro de 2022, quando um artefato explosivo foi encontrado em um caminhão-tanque nas proximidades do aeroporto de Brasília. George Washington confessou ter montado a bomba, mas atribuiu a articulação do plano a Wellington.

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bomba colocada em caminhão-tanque próximo do Aeroporto Internacional de Brasília

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Desativação do explosivo mobiliza bombeiros e policiais militares

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Equipe do Esquadrão de Bombas

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Artefato explosivo foi encontrado no Aeroporto de Brasília

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George Washington foi preso e condenado por tentativa de explosão de ônibus no aeroporto de Brasília

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Polícia atuou para desarmar explosivo achado próximo ao aeroporto

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À época do episódio, Wellington era considerado foragido da Justiça, alvo da Operação Nero, que investigava uma tentativa de invasão à sede da Polícia Federal.

Ele permaneceu foragido por quase nove meses, até ser capturado pela Polícia Nacional do Paraguai em setembro de 2023, em uma ação com apoio da Interpol e da Polícia Federal brasileira. A prisão ocorreu na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu (PR) a Ciudad del Este. Extraditado para o Brasil, foi encaminhado ao sistema prisional do Distrito Federal.

Apesar de se apresentar como jornalista, Wellington Macedo não tem curso superior completo. Segundo a defesa, ele pretende retomar os estudos e buscar uma nova graduação, como parte da estratégia de remição de pena.