Caso no ES: saiba qual é o risco de tomar ibuprofeno de 2 em 2 horas

Um médico foi demitido da rede pública de saúde de Serra, no Espírito Santo, após recomendar uma frequência não-reconhecida de uso de ibuprofeno. A prescrição indicava a ingestão de 600 mg do medicamento a cada duas horas, o que gerou alerta entre profissionais da área.

Se a orientação tivesse sido seguida, a paciente teria ingerido 7,2 g de ibuprofeno em um só dia, o dobro da dose máxima recomendada pelos fabricantes. A orientação foi dada durante atendimento a uma jovem de 26 anos no dia 28 de abril. A paciente apresentava dores nas costas e na cabeça.

Dois dias depois do episódio, a prefeitura anunciou o afastamento do médico responsável, alegando descumprimento de protocolos clínicos.

“Uso em excesso ou prolongado de ibuprofeno pode trazer consequências como problemas no coração e nos rins”, alertou Édson de Figueiredo, farmacêutico em Brasília, em entrevista anterior ao Metrópoles.


Como usar o ibuprofeno?

  • As recomendações de bula do remédio costumam excluir crianças menores de 10 anos e idosos da lista de pacientes.
  • Pacientes com problemas de saúde crônicos e que usam anticoagulantes não devem usar o medicamento sem orientação médica.
  • Com versões em gotas e em comprimidos, o remédio costuma ser administrado com um intervalo mínimo de 4h entre as doses.
  • Não é recomendado exceder 3 g do remédio em um dia, mas as dosagens costumam ser bem menores, cerca de 1.200 mg em um período de 24h.

Efeitos colaterais podem surgir cedo

O ibuprofeno é um anti-inflamatório não esteroide (AINE) amplamente utilizado para tratar dor, febre e inflamação. Com início de ação em cerca de 30 minutos, seu efeito dura entre quatro e oito horas, variando conforme a condição tratada e o metabolismo do paciente.

Profissionais da saúde afirmam que, embora eficaz, o medicamento deve ser administrado com cautela. O uso excessivo pode desencadear efeitos adversos como distúrbios gastrointestinais, retenção de líquidos e aumento da pressão arterial.

“Alguns anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, utilizados para aliviar dores comuns e rotineiras, podem reduzir o fluxo sanguíneo renal e comprometer a função dos rins a longo prazo”, completa o nefrologista Bruno Zawadzki, diretor médico da DaVita Tratamento Renal.

Riscos aumentam em grupos vulneráveis

Pessoas com hipertensão, doenças hepáticas, asma ou em tratamento com anticoagulantes devem ter atenção especial ao usar ibuprofeno. Idosos e crianças representam outros grupos para os quais o uso requer cuidados adicionais.

Em idosos, recomenda-se a administração na menor dose eficaz, por menor tempo possível. Em crianças, o uso é permitido a partir dos seis meses de idade, sempre com supervisão médica e ajuste conforme peso corporal.

Embora raras, reações alérgicas graves também estão entre os riscos. Em abril de 2024, um caso foi registrado na revista Clinical Case Reports. Uma mulher iraquiana de 45 anos apresentou reação severa após ingerir 400 mg do medicamento. Ela chegou a chorar lágrimas de pus.

“Por trás de sua presença comum em armários de remédios, existe um perigo potencial no ibuprofeno que, embora raro, exige nossa atenção e compreensão”, escreveram os médicos responsáveis pela publicação do caso.

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