Patrocínio de gigantes argentinos River e Boca é nanico perto dos times brasileiros

O River Plate, um dos clubes mais tradicionais e vitoriosos do futebol sul-americano, oficializou recentemente seu novo contrato de patrocínio máster com a Betano. A estreia do novo patrocinador no uniforme aconteceu no domingo (4), na vitória por 4 a 1 sobre o Vélez Sarsfield, em partida válida pelo Campeonato Argentino. O acordo, que vale até meados de 2027, prevê o pagamento anual de US$ 6 milhões — cerca de R$ 36 milhões.

Apesar de representar um aumento de 80% em relação ao contrato anterior, o valor ainda é significativamente inferior ao pago a pelo menos metade dos times da Série A do Campeonato Brasileiro atualmente.

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Essa discrepância escancara a distância que se abriu entre os mercados de patrocínio esportivo de Brasil e Argentina e explica parte da predominância verde e amarela na Libertadores nos últimos anos.

O Boca Juniors, maior rival do River, também é patrocinado por uma casa de apostas — a Betsson — e recebe valores parecidos, por volta de R$ 40 milhões por ano. O Racing, atual campeão da Copa Sul-Americana e da Recopa, tem cifras ainda menores: cerca de R$ 12 milhões anuais com o mesmo patrocinador.

Enquanto isso, no Brasil, os valores pagos pelos patrocinadores máster são exponencialmente maiores, impulsionados por um mercado mais robusto, pelo avanço das casas de apostas no país e pela profissionalização crescente da gestão dos clubes.

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O Flamengo lidera a lista, com um contrato de R$ 115 milhões por ano com a Pixbet — o maior do país. O Corinthians, com a Esportes da Sorte, recebe cerca de R$ 103 milhões, enquanto o Palmeiras fatura aproximadamente R$ 100 milhões anuais com a Sportingbet. Os três maiores contratos no Brasil, sozinhos, superam em muito o que recebem todos os grandes clubes argentinos somados.

“Trata-se de um cenário que mostra a força do mercado brasileiro. Acredito que seja cinco vezes maior que o argentino, o que naturalmente se reflete nos valores de patrocínio”, afirma Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

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Em um ranking, River e Boca, os dois maiores times da Argentina, entrariam ao lado de equipes como Fortaleza e Bahia, que são equipes em ascensão, mas que ainda estão longe de conseguirem a expressão dos gigantes argentinos, inclusive em mercados como o europeu, onde os dois clubes conseguem mais penetração do que quase todos os brasileiros.

Grêmio e Internacional, por sua vez, ganham R$ 50 milhões cada por ano com seus patrocinadores e também ficam acima dos vizinhos na fronteira.

De acordo com Alexandre Godoy, Head de Patrocínios e Publicidade do Internacional, a regulamentação recente das apostas no Brasil também colaborou para esse crescimento. “Ela trouxe segurança jurídica, responsabilidade social e transparência às partes envolvidas. Isso valoriza os ativos de marca dos clubes.”

Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, explica que a disparidade se deve também ao momento econômico de cada país. “A diferença entre os valores investidos ocorre atualmente em função de maior investimento das casas de apostas no Brasil, além do tamanho das populações e da renda média disponível.”

O Sport fechou recentemente o seu maior patrocínio da história, com um valor fixo que chega perto da casa dos R$ 30 milhões e pode chegar na casa dos R$ 70 milhões, caso atinja metas.

O valor fixo é inferior a Boca e River, mas é muito próximo do patamar quando é colocado na balança que a equipe de Recife acabou de subir para a primeira divisão, como destacou o vice-presidente de marketing da equipe, Eduardo Arruda.

“A valorização dos patrocínios no país não tem a ver apenas com questões econômicas ou técnicas. Passa principalmente pela reestruturação dos clubes brasileiros, transformação em SAFs, modernização de arenas e centros de treinamento. Isso dá segurança ao patrocinador, como aconteceu com o Sport”, apontou.

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Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, o fator cultural também influencia. “O percentual da renda que os brasileiros estão dispostos a direcionar a apostas esportivas e jogos de azar supera o de qualquer outro país do mundo”, afirma.

Na Libertadores, os últimos seis campeões foram do Brasil, sendo que em quatro delas a final foi disputada por dois times brasileiros. As duas exceções são justamente o River Plate, que foi vice do Flamengo em 2019, e o Boca, que perdeu a final para o Fluminense em 2023.

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