Construção de parque pode ser solução para alagamentos em Novo Hamburgo; entenda

O Rio Grande do Sul foi castigado pelas enchentes em maio de 2024 e Novo Hamburgo não ficou de fora. Moradores dos bairros Santo Afonso e Canudos foram os mais afetados, com casas e comércios completamente submersos. A cidade também ficou sem abastecimento de água e muitas regiões sem energia elétrica.

Quase um ano depois, o município segue sofrendo com alagamentos constantes a cada chuva, apesar de adversidades menores. Segundo o engenheiro Eduardo Torri, 99% das enchentes registradas entre 1941 e 2024 seriam evitadas com construções de bacias de amortecimento. “No ano passado [2024] foi uma chuva raríssima, nada conseguiria dar conta naquela circunstância.”

Torri é o responsável por atualizar o projeto para a criação de uma bacia de amortecimento no bairro Operário. Além disso, adicionou uma área de lazer a proposta apresentada na Prefeitura de Novo Hamburgo. “O projeto original é de 2005 ou 2006, antes do Outlet [I Fashion].”

O mesmo projeto chegou a ser atualizado em junho de 2023 e divulgado pela Prefeitura. No entanto, não contava com a área de lazer e apresentava uma bacia de contenção inferior, com possibilidade de reservar até 183 mil m³ de água. “Na atualização, nossa previsão é de reter 406 mil m³ de água até verter”, explica o engenheiro.

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A previsão é que a bacia receba a água que escoa dos bairros Roselândia e Rincão (Novo Hamburgo, Rincão Gaúcho (Estância Velha) e Travessão (Dois Irmãos). “Conversamos com técnicos da Prefeitura, com o prefeito [Gustavo Finck] e o vice-prefeito [Gerson Haas]. Eles compraram a ideia.” Torri também relatou que o senador Luiz Carlos Heinze (PP) foi procurado. “Ele aprovou o projeto, recentemente realizamos uma palestra juntos, na Câmara de Vereadores.”

Apesar de receber a água que escoa de outros municípios do Vale do Sinos, o engenheiro afirma que apenas autoridades de Novo Hamburgo foram procuradas até o momento. “A área pertence ao município de Novo Hamburgo, mas não descartamos fazer ações nas outras cidades, até porque vamos precisar de apoio.”

Custos e características

Questionado sobre o valor para arcar com o projeto, Torri explicou que essa avaliação ainda não foi realizada. “O terreno, que seria o principal complicador, já está desocupado. O mais caro agora é a barragem que precisa ser feita e pular de barragem para parque, não é tão alto [o preço].”

Segundo o profissional, o próximo passo é receber apoio popular. Para isso, inclusive um perfil no Instagram foi criado. “Pedimos que engenheiros interessados procurem a Prefeitura. É fundamental ter procura e entusiasmo.” Torri reitera que o Executivo se comprometeu em tentar incluir a construção do complexo no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Sobre as características, o engenheiro explica que a ideia é ter uma faixa segura com percurso de 3,3 quilômetros. “Teremos estruturas resistentes aos alagamentos, gramado, árvores, lago artificial permanente.”

O objetivo é que o local seja uma bacia de amortecimento para reservar a água da chuva e em dias com tempo seco, um grande parque de lazer para a população. “Isso já funciona no exterior, em países como Estados Unidos, Dinamarca, Alemanha. No Brasil também temos exemplos, como o Parque Barigui, em Curitiba.”

A construção seria na região do Arroio Luiz Rau, na Avenida das Nações Unidas, que separa os lados leste e oeste da cidade. “Precisamos atacar os problemas. Seria uma solução para períodos de alagamentos e secas.”

O projeto original, que não contempla o Parque Luiz Rau, está inclusive orçado no PAC Seleções ao custo de R$ 21 milhões. No detalhamento, está prevista uma bacia com dimensão de 14 hectares. Há também outra obra no mesmo esboço, no Arroio Guarani, com 0,7 hectares.

Parque Luiz Rau

O Parque Luiz Rau ganhou o mesmo nome do arroio a fim de demonstrar a importância do local para a cidade. A princípio serão quatro formas de entrar no espaço: pela Avenida Nações Unidas, correndo ou pedalando; pelo shopping I Fashion Outlet; pelo Colégio Vila Becker; pela RS-239.

Fazer um parque e aproveitar a área alagadiça também representa uma forma mais fácil de cuidado com o espaço público. Torri salienta que, se o ambiente fosse fechado à população, mais problemas seriam criados. “Teria acúmulo de lixo, crescimento descontrolado de vegetação, proliferação de mosquitos. Isso já acontece em Porto Alegre.”

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Portanto, o principal objetivo é aproveitar a área da melhor forma possível. “Temos esse enfoque sustentável. É um desafio de manutenção quando essas áreas permanecem sem acesso.”

Casas de bombas e outras barragens

As casas de bombas também foram citadas como de extrema relevância no combate aos alagamentos em Novo Hamburgo. Atualmente, o município conta apenas com uma estrutura, no bairro Santo Afonso. “Precisamos de uma solução para a casa de bombas no bairro Canudos”, afirma o engenheiro.

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Torri explica que também tem propostas para outros arroios da cidade: Guarani, Pampa e Pery. “Estudos nessas áreas precisam ser incentivados”, finaliza.