O conclave mais longo da história durou quase 3 anos e mudou as eleições papais

O conclave de 1268 a 1271, realizado na cidade italiana de Viterbo, entrou para a história como o mais longo da Igreja Católica. Foram 34 meses — ou 1.006 dias — entre a morte do Papa Clemente IV e a escolha do sucessor, um período marcado por disputas políticas, pressões externas e mudanças estruturais duradouras no processo de eleição papal.

O impasse teve como pano de fundo o acirramento entre as facções francesa e italiana dentro do colégio de cardeais. Nenhum dos grupos conseguia reunir a maioria necessária para eleger o novo pontífice. A situação se agravou a tal ponto que os moradores de Viterbo, revoltados com a demora, chegaram a retirar o telhado do local onde os cardeais estavam reunidos, na tentativa de apressar a decisão — um gesto simbólico de pressão e frustração popular.

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A solução veio apenas em setembro de 1271, quando, após mais de dois anos e meio de deliberações infrutíferas, foi formado um comitê com seis cardeais. Eles decidiram eleger um nome de fora do colégio: Teobaldo Visconti, então um arcebispo que participava da Nona Cruzada em Acre, na Palestina. Visconti só chegaria a Roma e assumiria oficialmente como Papa Gregório X no ano seguinte, em 1272.

O conclave mais longo da história não só encerrou um vácuo de poder na Igreja, como também marcou um ponto de inflexão nas regras do processo eleitoral papal. A demora e o caos gerado levaram à adoção de normas mais rígidas, visando impedir futuras paralisações. Entre as mudanças implementadas estavam o isolamento dos cardeais durante a votação e restrições severas à comunicação com o mundo exterior — medidas que perduram até hoje.

A influência política externa também teve papel relevante. Governantes como o rei francês Felipe III pressionaram os cardeais por uma decisão, contribuindo para o clamor por reformas. Gregório X, já como papa, convocaria o Concílio de Lyon em 1274, onde consolidaria muitas das novas regras para os conclaves.

A crise de 1268 a 1271 transformou para sempre o modelo de eleição papal. Do caos emergiu um sistema mais controlado, reservado e eficiente, moldando o conclave moderno como um instrumento de estabilidade institucional da Igreja. A eleição de Gregório X, assim, encerrou não apenas o conclave mais prolongado da história, mas também inaugurou uma nova era na governança católica.

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