Com “estagiário do crime”, bando invade gov.br para cometer fraudes

Uma organização criminosa atuava em diversos estados do país com um esquema estruturado que invadia dispositivos eletrônicos, adulterava placas de veículos e falsificava documentos para revender automóveis roubados, enganando compradores e aplicando golpes.

Após clonar o automóvel, os criminosos contavam com o auxílio de um carioca, de 24 anos, estudante de tecnologia e programação de dados, que, utilizando de engenharia social, conseguia invadir as contas gov.br dos proprietários do veículos roubados, e dessa forma, acessava a documentação veicular e dava continuidade ao esquema.

O grupo passou a ser investigado quando uma vítima procurou a polícia na cidade de Gravataí e relatou que após comprar um carro anunciado no Facebook, no valor de R$ 80 mil, foi surpreendida no Detran com a informação de que o carro havia sido furtado antes de ser revendido.

A polícia constatou que o veículo original havia sido roubado no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, poucos dias antes.

Segundo a polícia, o  líder do grupo, que está preso em uma penitenciária gaúcha, após uma condenação de mais de 70 anos de reclusão, adquiria os veículos roubados ou furtados no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina.

A partir de então, com o auxílio de integrantes externos, incluindo sua companheira, os veículos eram entregues a uma outra célula do grupo responsável pela clonagem e falsificação dos sinais identificadores.

Com o veículo clonado e com acesso aos documentos, os veículos eram anunciados em marketplaces por um valor abaixo do mercado, atraindo o interesse de compradores, que acabavam realizando pagando pelos veículos.

Nesse momento, valendo-se do acesso fraudulento ao aplicativo gov.br, um dos criminosos realizava a transferência de documentação do veículo original para a vítima. Ao buscar a vistoria do Detran, porém, a pessoa descobria que o carro havia sido roubado.

Quando o golpe era descoberto, os valores já haviam sido disseminados pela célula financeira do grupo, em Santa Catarina, que utilizava empresas de fachada para a lavagem e ocultação dos valores provenientes do crime, repassando o lucro posterior aos demais integrantes da organização criminosa.

Operação

O grupo foi alvo de operação deflagrada na manhã desta quarta-feira (7) pela Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul (PCRS).

A ação mirou o líder do grupo criminoso, bem como familiares, braços operacionais, operadores financeiros, células de clonagem, célula de invasão e demais integrantes envolvidos nos apoios logísticos e na lavagem de capitais.

Cerca de 120 policiais civis participaram das ações operacionais, que tinham como objetivo cumprir 22 mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Viamão, Alvorada, Charqueadas, Arroio dos Ratos, Florianópolis (SC), São José (SC), Palhoça (SC), Criciúma (SC) e Rio de Janeiro (RJ).

Durante as ações, 17 pessoas foram presas. Também foram apreendidos documentos e aparelhos celulares que serão analisados para corroborar a convicção de autoria.

Esta foi a primeira grande Operação do Departamento Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil, criado pelo Decreto nº 58.095 em abril de 2025, que instituiu mudanças na estrutura organizacional da Polícia Civil.

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