Estudo com gorilas mostra que ter muitas amizades nem sempre é bom

Os laços sociais entre gorilas têm efeitos variados em relação à saúde e a reprodução dos animais, dependendo do sexo, do tamanho do grupo e do contexto social. Machos com fortes amizades têm tendência a adoecer mais, mas são menos propensos a se ferir em brigas. Já as fêmeas amigáveis em pequenos grupos não ficam doentes com frequência, porém têm menos descendentes. Por outro lado, as com laços sociais em grupos maiores adoecem mais, mas têm taxas de natalidade mais altas.

Pesquisadores da Suíça, Reino Unido e Ruanda descobriram as ramificações da amizade na saúde após estudarem 164 gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei) por mais de duas décadas no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda. A pesquisa foi publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences em abril.

A espécie analisada pelos cientistas é uma das subespécies de gorilas-orientais e é uma das mais ameaçadas do mundo. Eles habitam áreas montanhosas e florestas de Ruanda, Uganda e Congo. Geralmente, os animais vivem em grupos familiares com cerca de 12 gorilas liderados por um macho dominante.

“Ter muitos relacionamentos sociais fortes geralmente é muito bom — mas às vezes não é. Por exemplo, nosso estudo descobriu que laços sociais fortes e estáveis ​​geralmente estão associados a menos doenças em gorilas fêmeas — mas a mais doenças em gorilas machos”, explica o principal autor do artigo e pesquisador Robin Morrison, da Universidade de Zurique, na Suíça, em comunicado.

Imagem colorida de família de gorilas - Metrópoles
Imagem de gorilas-das-montanhas interagindo entre si em Ruanda

Os autores do artigo ainda não conseguem ter uma noção exata de por que a amizade entre os gorilas influência em certos processos, porém Morrison acredita que machos gastem mais energia por terem laços sociais próximos, pois precisam defender as fêmeas e os filhotes, fazendo com que o estresse reduza seu sistema imunológico.

Além da força dos laços sociais, a pesquisa também analisou o grau de integração entre o grupo de gorilas, levando em conta fatores como o tamanho da comunidade, estabilidade e conflitos externos. “Nosso estudo mostra que este não é um caso simples de que laços sociais mais fortes e em maior número são sempre melhores. Em algumas situações, características sociais que antes considerávamos inadequadas podem ter benefícios importantes”, destaca um dos coautores Samuel Ellis, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.

Como o ambiente social é um dos principais indicadores de saúde e longevidade para humanos, a descoberta consegue dimensionar como esses laços sociais que afetam o comportamento dos gorilas evoluíram com o passar do tempo.

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