China e EUA marcam encontro na Suíça: possível acordo pode mudar rumos do comércio global

China e EUA
Foto: Pixabay

A surpreendente confirmação de um encontro bilateral entre os Estados Unidos e a China nesta semana, em Genebra, reacende as expectativas — e também as incertezas — sobre o futuro das relações comerciais entre as duas maiores potências econômicas do planeta. O encontro, que será realizado a partir da sexta-feira (9), colocará frente a frente o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.

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Mais do que um gesto diplomático, a reunião pode significar o início de uma reviravolta nas análises que vinham sendo feitas até agora sobre o redesenho do comércio internacional. Após semanas de escalada nas tensões, com tarifas norte-americanas chegando a 145% sobre produtos chineses — uma ofensiva promovida diretamente pelo presidente Donald Trump —, o gesto de diálogo em solo neutro pode representar uma mudança radical de rota.

Do lado chinês, a retaliação também foi dura: tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos, num claro sinal de que Pequim não aceitaria a ofensiva sem reação. Ambos os lados endureceram o discurso nas últimas semanas, indicando que não haveria concessões. Agora, no entanto, o encontro entre Scott Bessent e He Lifeng, acompanhado do representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, promete redesenhar esse cenário.

China – EUA: um encontro, muitos impactos

Apesar da falta de detalhes sobre a agenda ou os termos esperados da conversa, o simples fato de ela ocorrer já sacode o tabuleiro geopolítico e econômico global. O mundo observava uma tendência clara de fragmentação comercial, com cadeias produtivas sendo redirecionadas, empresas relocalizando fábricas e países do sul global sendo alvos de novas disputas por influência econômica.

A depender do tom e dos resultados do encontro, analistas poderão ser obrigados a rever projeções sobre o comportamento do comércio internacional para os próximos anos. Um eventual alívio tarifário entre as duas potências reduziria o custo de insumos industriais, mudaria as decisões de investimento e poderia impactar inclusive a inflação global — especialmente nos Estados Unidos.

Brasil e agronegócio: alerta ligado!

Para o Brasil e, em especial, para o agronegócio brasileiro, as negociações ganham relevância imediata. A guerra comercial entre EUA e China, iniciada ainda no governo Trump, abriu oportunidades para exportadores brasileiros — sobretudo de soja, carne e algodão. A redução dessas tensões pode reconfigurar novamente os fluxos de exportação, exigindo rápida adaptação de produtores e governos.

Além disso, se um acordo efetivo vier a ser firmado, ele pode reduzir a pressão inflacionária nos EUA, o que teria efeitos indiretos sobre as taxas de juros globais — incluindo as brasileiras — e o apetite por commodities.

Conclusão

Este encontro em Genebra pode ser mais do que um gesto diplomático: pode representar uma virada de página em um dos capítulos mais tensos do comércio internacional nas últimas décadas. A depender de seus desdobramentos, o cenário global poderá caminhar para mais previsibilidade e cooperação — ou decepcionar e aprofundar as divisões.

A análise de cada gesto e declaração nos próximos dias será fundamental para entender se o mundo caminha para uma nova ordem comercial ou para mais um capítulo de confrontos. Para o Brasil, não basta apenas assistir — é preciso antecipar cenários, posicionar-se estrategicamente e proteger seus mercados.

Miguel Daoud

Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural

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